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Rodrigo Mattos

'Não adianta cara fechada porque não sou titular', diz Renato Augusto

rodrigomattos

04/08/2013 06h00

( Para seguir o blog no Twitter: @_rodrigomattos_ )

Aos 25 anos, Renato Augusto é o mais titular entre os reservas corintianos, ou o mais reserva entre os titulares da equipe. Contratado no início do ano, vindo do Bayer Leverkusen, jogou pouco por seguidas contusões, a última delas uma fratura na face.

Nem por isso deixou de ser o jogador mais pedido pelos torcedores quando o time não vai bem. Neste domingo, diante do Criciúma, não serão necessários pedidos porque ele começa jogando no lugar de Emerson, cansado.

Por essa sua importância, o blog foi conversar com ele antes de saber que jogaria, na primeira das entrevistas que serão publicadas aqui de tempos em tempos.

Você teve um início muito bom no Corinthians, mas parece azarado com contusões. O que acontece?

Prefiro pensar em coisas positivas para que coisas positivas aconteçam. Prefiro esquecer o que passou e pensar daqui para frente.

Após a última fratura no rosto, você já jogou sem máscara. Sente dor no local ou receio?

Demorei quase dois meses para voltar a jogar. No frio muda um pouco e dá uma latejada. Hoje, não tenho mais receio (em campo). No início, sentia um pouco.

Você mudou muito na Europa? A impressão é de que voltou bem mais forte e veloz do que na época do Flamengo?

Fiquei mais forte devido a idade. De 20 para 25 anos, é natural ter mais massa muscular. Ganhei quatro ou cinco quilos (Pesa 86kg, com 1,86m). Até fiz um trabalho, mas nada diferente do que fazia aqui. Em termos de velocidade, talvez tenha sido porque eu comecei a jogar mais aberto. Então precisava de mais velocidade.

Você aprendeu muita coisa? Dá um exemplo?

Aprendi muito taticamente. Evolui bastante, leitura de jogo, a importância da marcação. Aqui, a gente pensava primeiro em jogar. O meia, o 10, não precisava marcar. Você vai ver até o atacante precisa marcar. Esse é o diferencial nosso no Corinthians.

Hoje a Alemanha, onde você atuou, é o futebol mais evoluído taticamente. Você vê uma diferença tática muito grande entre a Europa e o Brasil? A gente viu o amistoso do Santos e do Barcelona com oito a zero.  Na quarta, o Bayern de Munique teve superioridade absurda sobre o São Paulo…

Posso comparar com o Corinthians, não com outros clubes. A diferença não está tão grande na parte tática. Não tem como comparar porque não acompanho Santos e São Paulo. Em termos de parte tática, o Corinthians não deixa a desejar à Alemanha.

O treinamento do Tite é parecido com o que você recebia lá fora?

É um nível bem elevado, de competição ao extremo. É difícil você fazer isso… Porque uma coisa é chegar na Alemanha, chegar para o cara e passar um treino e todo mundo abaixa a cabeça e vai fazer. A mentalidade do brasileiro já é um pouco mais: "Ah, hoje eu não quero". Então, aqui no Corinthians, a mentalidade é de o tempo todo querer, de competição.

Você entende que é como uma mentalidade europeia (no Corinthians)?

É um pouco. Não tem como falar que é um mentalidade europeia. Mas é misturada. O europeu tem lados positivos, mas também tem negativos. Assim como o brasileiro. Uma competição mais sadia.

Como falamos, você teve um bom início no clube e foi muito prejudicado nesta competição por lugares por causa das contusões. Como você se vê no Corinthians? Está na reserva, mas entra sempre. Está satisfeito com seu rendimento?

Acho que tenho entrado bem. A reserva depende do momento. Quando tiver uma oportunidade e for bem dois três jogos, eu passo a estar jogando. Em um time que tem uma competição muito grande interna, quem estiver melhor vai jogar. Procuro estar bem.

Você entende que já está em um padrão que mereça ser titular?

Estou sempre preparado. Quando ele (Tite) achar que é a hora, vai ser a hora. Não adianta ficar aqui de cara fechada porque eu não sou titular, ou não fui titular, ou fui titular e não sou mais. Minha cabeça está preparada. O negócio é estar preparado para jogar.

Você chegou logo após títulos importantes do clube. Há um certo consenso no grupo, Tite e jogadores já falaram nisso,  que o Corinthians deu uma acomodada por conquistar muitos títulos. Você sente isso?

O Tite tenta mostrar para que não aconteça a acomodação que é natural. Você faz dois anos em um ritmo alucinante, é natural que se acomode um pouco. Então esse é o grande trabalho. Acho que isso é difícil acontecer aqui por causa da disputa interna. O cara sabe que se for mal no jogo, a chance dele ir para o banco é muito grande. Todo jogo acaba sendo uma mini final para todo mundo.

Você sente muita diferença do ambiente no Flamengo e no Corinthians, dois times onde você jogou no Brasil, em relação às torcidas?

São duas torcidas de massa. A torcida do Flamengo tinha a vantagem de jogar no Maracanã que é um estádio maior. Então, muitas das vezes o público era maior. Mas a torcida do Corinthians tem um público presente. Todo jogo dá 20 mil 30 mil. Então, é impressionante. Time de massa vai ter a cobrança de qualquer time de massa.

Você viu um futebol brasileiro diferente na sua volta? Há estádios novos, um público diferente…

Reparei na evolução técnica e tática. Achei que o futebol brasileiro, nesses cinco anos que eu fiquei fora, evoluiu bastante. Até mesmo pelos investimentos feitos aqui. Você pega hoje qualquer clube do Brasil tem um grande jogador. No Botafogo, Seedorf. No Inter, tem D´Alessandro. Tem um jogador que chama a torcida.

 

 

Sobre o Autor

Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.

Sobre o Blog

O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.