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Rodrigo Mattos

Atletismo investe R$ 100 milhões por uma medalha e vexames

rodrigomattos

29/08/2013 16h19

( Para seguir o blog no Twitter: @_rodrigomattos_ )

Não foi por falta de investimento que o Brasil ficou sem medalhas no Mundial de Atletismo da Rússia na última semana. Informações da CBAt (Confederação Brasileira de Atletismo) mostram uma arrecadação de cerca de R$ 100 milhões para a preparação da elite do esporte em quatro anos. Como retorno, foi obtida uma medalha nas três competições de alto nível no período de 2010 a 2013.

A confederação conta com patrocínio da Caixa Econômica, verba da Lei Piva, de incentivos fiscais e dinheiro direto do Ministério do Esporte. Isso lhe deu um rendimento médio entre R$ 23 milhões e R$ 25 milhões anuais de 2010 a 2012, segundo balanços e informações de dirigentes da confederação.

Nesta temporada, a previsão é de que este valor base tenha um acréscimo de R$ 6,5 milhões no patrocínio da Caixa, fruto do plano Brasil Medalhas do governo federal. Isso eleva o total ganho a atingir a casa da centena de milhões.

Desde 2010, o Brasil ganhou apenas uma medalha, o ouro de Fabiana Murer, no salto com vara, no Mundial de Daegu, em 2011. Ficou zerado na Olimpíada de Londres-2012 e agora no Mundial da Rússia, onde protagonizou o vexame da queda do bastão na final do revezamento 4 x 100m feminino. Em Londres, Murer preferiu não saltar por causa do vento e foi desclassificada. Já a saltadora em distância Maurren Maggi, então campeã olímpica, ficou fora da final.

Internamente, dirigentes da confederação justificam a falta de medalhas pelo pouco tempo para a atual diretoria trabalhar visto que o presidente José Antônio Martins Fernandes assumiu neste ano, após longa permanência de Roberto Gesta de Melo.

Ressalte-se que Fernandes era aliado do antigo comandante da entidade. Mesmo assim, os atuais cartolas da CBAt dizem que esta primeira temporada tem sido de aprendizado.

As mudanças não serão fáceis. A questão é que a maior parte do dinheiro que é recebido hoje pela confederação já vem engessado, segundo explicam cartolas. Por exemplo, os R$ 15 milhões de patrocínio da Caixa têm destinação certa, incluindo realização de campeonatos, exames antidoping e sustentação de centros de treinamento espalhados pelo país.

Os cerca de R$ 4 milhões recebidos da Lei Piva também têm previsão para ser investidos na administração da entidade, viagens de atletas, entre outros itens. Há ainda dinheiro de convênios, de taxas, entre outros, para completar o orçamento.

A verba extra a que a CBAt terá nesta temporada faz parte do Plano Medalhas, do governo federal para os Jogos do Rio-2016, que inclui o pagamento de salários a atletas e comissões técnicas, entre outros itens.

Para ter mais flexibilidade na aplicação de dinheiro, a confederação espera obter novos patrocínios privados. Cartolas da entidade entendem ser possível obter esses recursos mesmo com os maus resultados recentes em Mundial e Olimpíada.

Resultados de novos investimentos e mudanças na gestão, no entanto, só são esperados para a Olimpíada de 2020. Antes, no Rio, a expectativa é dar as melhores condições possíveis para alguns atletas já formados e torcer pelas suas chances de medalha.

O blog tentou falar com o presidente da confederação e com o superintendente de alto rendimento Antônio Carlos Gomes, sem sucesso.

 

Sobre o Autor

Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.

Sobre o Blog

O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.