Topo

Rodrigo Mattos

'STJD é UTI da violência' diz Zveiter, que nega perseguir Corinthians

rodrigomattos

15/10/2013 14h00

( Para seguir o blog no Twitter: @_rodrigomattos)

O STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) está sob intenso tiroteio porque suas punições não evitam novos casos de violência e por acusações de perseguição ao Corinthians. O presidente do tribunal esportivo, Flávio Zveiter, cujo pai já comandou o órgão, disse ao blog que a corte é a UTI do vírus da violência porque não há prevenção. Ele ainda rechaçou perseguição ao Corinthians, apontada pelos próprios dirigentes do clube.

Em 2013, o Brasileiro tem sido marcado por casos de violência nos jogos, dentro e fora dos estádios, com 17 das 20 torcidas envolvidas em confusões. Até agora, Corinthians e Vasco foram punidos com quatro perdas de mandos de campo na Série A por confronto entre seus torcedores. Mas o STJD minimiza o seu efeito para conter as brigas.

"Na verdade, somos o ponto final da história. Só chega ao STJD por falta de prevenção no estádio. O vírus da violência se alastra e o STJD é a UTI", afirmou Zveiter. "Fui voto vencido em relação ao uso dos portões fechados (no julgamento do Corinthians) porque queria aplicar uma legislação internacional. Agora, só se a CBF mudar o regulamento."

Em paralelo, a troca de farpas entre o presidente do Corinthians, Mario Gobbi, o procurador-geral do STJD, Paulo Schmitt, foi o estopim de um disputa nos bastidores entre o tribunal e o clube. Há a certeza entre membros da diretoria corintiana de que a Justiça Desportiva trata o time de forma pior do que outras equipes. Essa revolta aumenta na segunda-feira quando souberam que o zagueiro Gil foi denunciado por jogada violenta, cometida há sete rodadas contra o Cruzeiro.

A argumentação do Corinthians, nos bastidores, é de que procuradores têm mão pesada no pedido de punições e o STJD é muito mais célere para fazer julgamentos contra o clube. Um caso citado é o julgamento sobre a briga entre vascaínos e corintianos.

A confusão ocorreu no dia 25 de agosto, e a primeira condenação do clube foi dez dias depois. A segunda instância julgou o caso em mais 15 dias, em um total de 24 dias para conclusão do caso.

"Todos os processos têm em média de sete a dez dias para serem julgados. E outros sete a dez dias para a segunda instância, com uma conclusão em torno de 20 dias", explicou o presidente do STJD, Flávio Zveiter. "Não há nenhum processo em atraso no tribunal."

Mas a briga da torcida do Grêmio com a polícia ocorreu no 28 de julho, no jogo com o Fluminense, e a condenação, em primeira instância, com multa ocorreu 19 dias depois.

Já a torcida do Goiás protagonizou confusão em jogo com o São Paulo, em 22 de setembro. Em julgamento 16 dias depois, o tribunal tirou um mando de campo por uso de laser. Ignorou a tentativa dos torcedores goianos de entrar em confronto com os são-paulinos, o que gerou confronto com a polícia.

Também não houve punição de perda de mando de campo ao Bahia, cujas organizadas entraram em confronto na arquibancada da Fonte Nova. Na Série B, o Palmeiras já teve de jogar em outro estádio por confronto entre seus torcedores.

Zveiter nega que o Corinthians seja visto de forma diferente pelos procuradores e pelos auditores. "Tenho certeza de que não existe isso da parte do procurador. Os processos estão tramitando (de brigas de outros times)", afirmou Zveiter.

Outra alegação da diretoria corintiana foi que, no caso dos sinalizadores da Copa do Brasil, o clube foi denunciado no artigo 213, que permite a perda de mando de campos. E outros casos como o de torcedores do Criciúma, na mesma competição, foram enquadrados no artigo 191, que dá apenas multa.

O acirramento dos ânimos entre o Corinthians e o tribunal esportivo ocorre em paralelo à briga do ex-presidente corintiano  Andrés Sanchez com a cúpula da CBF. O procurador Paulo Schmitt é indicado em lista tríplice da entidade e já viajou com a seleção com as contas para pela confederação.

Sobre o Autor

Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.

Sobre o Blog

O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.