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Rodrigo Mattos

Nos pés de Hernane e Elias, Fla ganha sua maior Copa do Brasil

rodrigomattos

27/11/2013 23h48

( Para seguir o blog no Twitter: @_rodrigomattos_ )

Sim, a final não teve lá um nível técnico apurado. Sim, há questionamentos sobre o time do Flamengo. Mas verdade é que a Copa do Brasil que o rubro-negro carioca ganhou nesta quarta-feira vai além do futebol. Se fosse pelo futebol, tinha ficado lá pelas quartas-de final diante do Cruzeiro. Essa Copa do Brasil é a maior das três da agremiação porque representa a retomada do Maracanã pela sua torcida, a ressurreição da força do clube, o encontro de um símbolo em Elias.

No título de 90, o Flamengo bateu times como Bahia, Náutico e Goiás nas fases finais. Em 2006, a final foi contra o Vasco, mas houve apenas o Atlético-MG de grande antes disso.

Nesta ano de 2013, o time rubro-negro derrubou o líder Cruzeiro, o rival Botafogo, o vice-líder Furacão, o Goiás também, mas um Goiás entre os primeiros do Brasileiro. Isso tudo com um time que não inspirava confiança, que até brigava para não cair. Mas soube ser copeiro. Com Jayme de Almeida, e não com Mano Menezes, ofendido pela torcida após abandonar o time.

Desde o início da final, o jogo não foi bom. Foi tenso, mas não pegado. Sobrava espaço para a criação, faltavam ideias aos jogadores. A ponto de faltas quase do meio de campo terem sido batidas na área antes dos 10min de jogo. Era fácil para as zagas.

O Flamengo até tentava desenvolver algo, mas esbarrava em um excessivo número de erros de passes e, mais uma vez, na inoperância de sua armador Carlos Eduardo. Esqueçam: não há campanha que vá fazer esse rapaz voltar a jogar bola. Pelo menos não vestindo a camisa rubro-negra.

Do Atlético-PR, não se viu o time que avança forte como vice-líder do Brasileiro em nenhum dos dois jogos. Quando não se entricheirava na área, os recursos ofensivos eram o chutão e o cruzamento sem direção.

Era melhor olhar para as arquibancadas onde as duas torcidas faziam bela festa, com, previsível, predomínio dos flamenguistas que gritaram forte durante os 90 minutos. De emocionante, só o chute de Luis Antônio na trave.

O segundo tempo, é verdade, viu times mais dispostos, mais ofensivos. Ou melhor, pelo menos tentavam jogadas de ataque mesmo que Jayme de Almeida tenha botado o volante Diego Silva no lugar de Carlos Eduardo.

Com a bola no chão, o Flamengo até esteve perto de realizar jogadas articuladas como quando Hernane concluiu bem após passe de Elias. Paulinho era um jogador mais lúcio. Rápido, dominava nas costas do zagueiro e levava perigo, mas faltava-lhe precisão aos passes finais.

Restava a tensão, a tensão. Isso é que dava graça ao jogo. O Atlético-PR insistia, insistia nos chuveiros. Veio um lance belo, enfim, quando Hernane completou de voleio uma jogada de cruzamentos na área. O goleiro Weverton pegou.

Até que, com o rival desesperado, o jogo se abriu para o Flamengo. E sobravam chances. Hernane perdeu a primeira, mas, após jogada de Paulinho, Elias meteu para dentro. Sempre ele, sempre no final. Hernane deixou o seu, para decidir, para se consolidar como o maior centroavante brasileiro do ano.

Selava-se mais uma vez o campeão rubro-negro que saiu do nada, que não tinha time, que não tinha técnico. Ah, mas tem camisa. E os jogadores aprenderam a atuar com ela, e se transformaram no time que faltava, o campeão.

Sobre o Autor

Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.

Sobre o Blog

O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.