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Rodrigo Mattos

Raja dá uma lição de bola no Galo e no futebol brasileiro

rodrigomattos

18/12/2013 19h46

( Para seguir o blog no Twitter: @_rodrigomattos_)

Campeão da Libertadores, o Atlético-MG é um dos times mais modernos do Brasil: ataca com seis, sete jogadores, há constante movimentação de seus jogadores. Mas a verdade é que, para chegar ao desempenho de times europeus, lhe falta mais físico, mais participação de seus jogadores, mais marcação de todos os atletas. E isso pesou na desclassificação do time mineiro para o Raja Casablanca.

Um retrato disso é o astro atleticano Ronaldinho. Sim, ele fez um gol belíssimo de falta. Sim, tem um talento muito superior aos outros 21 jogadores em campo. Mas simplesmente não participou da partida, fora a cobrança de falta. Com a bola rolando, o que fez foi armar contra-ataques para o rival.

O Galo tinha outros três jogadores ofensivos, Diego Tardelli, Jô e Fernandinho. Nenhum deles marca de verdade. De vez em quando, até recuam quando são atacados, mas, no máximo, cercam os adversários. Bem diferente do que um Ribéry, por exemplo, no Bayern de Munique. No time alemão, ele, de fato, briga pela bola quando recua.

Resultado: o Atlético-MG atacava e esbarrava em um retranca feita pelo time marroquino. Quando saia nos contra-ataques, o Raja encontrava enormes espaços na defesa do time brasileiro e tinha capacidade para aproveitar com jogadores como Iajour e Moutaouali, que driblavam e concluíam.

No primeiro tempo, nenhum gol, mas as chances marroquinas já eram mais claras. Na segunda etapa, Iajour aproveitou uma jogada em velocidade para acertar o canto e abrir o placar.

O Atlético-MG ficou perdido, se abria ainda mais. Sobravam oportunidades ao Raja. O empate foi um ponto fora da curva quando Ronaldinho, em cobrança no ângulo, relembrou seus tempos de Europa. Mas, a partir dali, voltou a exibir o seu futebol de terras brasileiras, inócuo, com passes nos pés dos adversários. Também ia mal todo o restante do quarteto ofensivo, principalmente Jô.

O jogo até se tornou equilibrado. Mas, de novo, sobrou um contra-ataque em que Iajour driblou Rever e jogou sua perna no zagueiro brasileiro. O árbitro marcou pênalti, inexistente, na opinião deste blog. Mas faz parte do jogo o erro, e foi decretada a vitória marroquina.

A partir daí, ainda sobrou tempo para Mabide fazer um gol quase de pelada no final do jogo, após uma bola na trave de Moutaouali. Antes do jogo, Mabide disse que Ronaldinho não era mais o mesmo da Europa. Tinha razão. Ao final do jogo, foi beijá-lo e pedir sua chuteira: era a lembrança do tempo de Barcelona.

Agora, no entanto, o futebol marroquino se exibiu como mais eficiente do que o brasileiro neste Mundial. Esqueça a seleção brasileira, hoje arrumada, e mesmo o Corinthians campeão em 2012 com um bom sistema defensivo: são exceções. É preciso ouvir Mabide. Precisamos rever o futebol jogado no Brasil.

Sobre o Autor

Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.

Sobre o Blog

O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.