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Rodrigo Mattos

Será que o desejo de vingança do Vasco salva o defunto Carioca?

rodrigomattos

31/03/2014 06h00

O Estadual do Rio-2014 é como um zumbi. Continua a ser realizado, mas parece morto no coração dos torcedores. A ponto de Fluminense  e Vasco terem levado menos de 20 mil pessoas ao Maracanã na semifinal. Só que a classificação vascaína para a final contra o Flamengo criou um cenário que pode realimentar o interesse do torcedores nos dois últimos jogos.

Isso porque o time rubro-negro tem batido seus rivais em finais de Estaduais há 19 anos. Perdeu decisões de turno. Em jogos finais, no entanto, a última derrota ocorreu em 1995 para o Fluminense – era a última partida do octogonal decisivo. Em uma final legítima, a última vez que um adversário venceu o Flamengo foi em 1989: o Botafogo.

E o Vasco é quem tem sentido mais esse domínio rubro-negro. Foram cinco vezes em que o Flamengo foi campeão e o rival, vice, nos últimos 20 anos. Fora uma decisão da Copa do Brasil, em 2006, também vencida pelo time da Gávea. O último título estadual vascaíno sobre o adversário em decisão foi em 1988.

Isso gera uma gozação de uma torcida sobre a outra que dura mais de uma década. O Vasco tornou-se o eterno vice, nas palavras dos rivais. E há dez anos os times não se enfrentam na decisão do estadual. O ano de 2014 é mais uma chance de vingança. E esse é um dos sentimentos que mais alimentam um jogo de futebol: a possibilidade de descontar o que se sofreu.

O Estadual do Rio teve quase 90% dos jogos deficitários. Se você perguntar a qualquer botafoguense ou rubro-negro, ele provavelmente dirá que se importa pouco com o destino de seus times no Carioca e quer avançar mesmo na Libertadores.

Mas, para o vascaínos, as partidas finais do próximo final de semana valem, sim. Uma vitória representará um alívio para aquela gozação de esquina do vizinho que o atormenta ano após ano. Fora isso, o time cruzmaltino ainda sofre um tabu de 10 anos sem Cariocas.

Para o rubro-negro, o valor é menor, mas ainda há a chance de reafirmar a superioridade dos últimos anos sobre o adversário mais tradicional.

Claro que, respondendo em parte a pergunta do título, dois jogos e uma rivalidade não são suficientes para salvar um campeonato. Sua dramaticidade ou qualidade técnica, de preferência ambos, têm que se estender por boa parte da competição.

Por isso, uma revisão do formato dos Estaduais poderia preservar esses dois ou três momentos relevantes em um campeonato curto de um mês ou menos. Ou que se acabe com tudo e permaneça a rivalidade no Brasileiro. De um jeito ou de outro, a partir do outro domingo, espera-se que o torcedor volte ao Maracanã para ver algo que valha a pena no Estadual. Como um filme do velho oeste com os dois pistoleiros restantes frente a frente.

( Para seguir o blog no Twitter: @_rodrigomattos_)

Sobre o Autor

Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.

Sobre o Blog

O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.