Fla destina um terço da bilheteria à Odebrecht para pagar empréstimo

Se não bastassem os diversos descontos de despesas no Maracanã, o Flamengo tem destinado desde o início do ano 35% da sua renda líquida em jogos no Maracanã para a empresa gestora do estádio, cuja acionista principal é a Odebrecht. Motivo: pagar um empréstimo de R$ 18 milhões feito pelo clube em janeiro.

O time rubro-negro já costuma ficar com a menor parte do total arrecadado em partidas no estádio por conta das altas despesas operacionais do estádio, além de mordidas da Ffferj (Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro), entre outros. Da final do Estadual contra o Vasco, sobrou apenas R$ 1,3 milhão para ser dividido entre as duas equipes de um total de R$ 2,790 milhões.

Agora, em 2014, o valor que sobra para o Flamengo passou a sofrer nova mordida de cerca de um terço para pagar o empréstimo feito com a Odebrecht. Esse mútuo foi acertado juntamente com o contrato do time com o Consórcio Maracanã para atuar no estádio, e previa um crédito de até R$ 27 milhões.

As condições do empréstimo de R$ 18 milhões estão descritas no balanço financeiro do clube rubro-negro. A quitação tem que ocorrer até 2016, os juros são de 165% do CDI. Essas taxas são abaixo das bancárias, mas acima das praticadas em juros a longo prazo de empréstimos do BNDES, por exemplo.

O pagamento é feito com as receitas do estádio. O blog apurou que todas rendas, incluindo camarotes, ingressos e vendas de alimentação sofrerão esse desconto de 35%.

A Odebrecht aceitou viabilizar o empréstimo porque entende que tem condições plenas de obter o dinheiro de volta em três anos de contrato. Para o Flamengo, foi a forma de conseguir um alívio financeiro para manter os salários em dia nos primeiros meses do ano. Mas, com isso, a projeção é que a receita de bilheteria prevista acima de R$ 40 milhões para 2014 fique comprometida em parte por esses descontos.

No ano passado, o blog já mostrava que a Odebrecht se tornara um ator fundamental no futebol brasileiro por conta de dívidas acumuladas por clubes como Flamengo, Corinthians e Bahia. Desde então, os débitos do clube paulista com a construtora por conta do Itaquerão só têm aumentado. O Fluminense ainda não recebeu dinheiro antecipado da construtora como previsto em contrato para uso do Maracanã.