Ato anti-racista valoriza imagem de Daniel Alves no Brasil
Ao se tornar um protagonista de campanha anti-racismo, em jogo na Espanha, o jogador da seleção Daniel Alves teve valorizada a sua imagem no mercado brasileiro. Essa é a avaliação de especialistas em marketing que entendem que ele poderia passar a ser garoto-propaganda no país. Mas a assessoria do atleta informou que seus agentes só vendem sua imagem no mercado europeu, sem atuar no Brasil.
No domingo, do dia 27 de abril, Daniel Alves comeu uma banana atirada por um torcedor do Villareal. Seu ato desencadeou uma campanha contra o racismo lançada por Neymar, e idealizada por uma agência de publicidade, com o título #somostodosmacacos em apoio ao atleta do Barcelona.
Até agora, o mercado publicitário brasileiro tem centrado suas ações em Neymar e Felipão para a Copa-2014. Como coadjuvantes, Thiago Silva, David Luiz, Marcelo, Paulinho, entre outros. Não há nenhuma campanha com Daniel Alves. Só que o jogador virou capa da Veja, foi entrevistado pelo Jornal Nacional e pelo Fantástico em apenas uma semana para falar sobre seu ato anti-racista.
"Aumenta, sim (a projeção da imagem dele). Agora, tem que ver se é passageiro. Também tem que ver se a marca vai querer se associar a uma polêmica. Ainda que seja uma campanha que todo mundo apoia. Mas ele deve ser mais requisitado", afirmou Thales Paoliello, da agência Monday, que atua em marketing esportivo. "Não era a intenção dele vender nada. Mas se tornou mais conhecido, e pode vender se quiser."
"Qualquer evento como esse pode alavancar a imagem dele sob o ponto de vista da publicidade. A atitutude dele surpreendeu", analisou Ricardo Teixeira, coordenador do analista de marketing da FGV. "Não fez pensando em marketing, mas foi emocionalmente inteligente. Foi visto como uma pessoa superior em uma situação massacrante. É muito favorável."
Para os especialistas, esse seria o momento para Daniel Alves se lançar no mercado brasileiro já que seu rosto ficou conhecido. Ele deveria atuar em campanhas que sequer tivessem relação com racismo. Ainda mais porque a seleção carece de grandes nomes fora Neymar, ao contrário de outros Mundiais.
Mas, questionada, a assessoria do jogador informou que ele "não foi procurado por nenhuma empresa e que seu representante só trabalha a imagem dele na Europa". Ele é agenciado pela Cedro Sport, que tem espanhóis no comando. Na Espanha, ele fez algumas propagandas pontuais. Só tem dois patrocinadores, Adidas e Big Cola.
Para Harrison Baptista, ex-vice de marketing do Flamengo que atua como consultor, Daniel Alves pode fazer campanhas institucionais, sem atuar como garoto-propaganda.
"Ele teve uma atitude como ser-humano que acabou o projetando. Quando se fala em marketing, tem que se pensar nele como jogador de futebol", contou. "Acho que poderia ser algo institucional, sem ser para ganhar dinheiro."
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