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Rodrigo Mattos

Clubes grandes têm 34 técnicos em um ano. Veja explicações de cartolas

rodrigomattos

14/05/2014 06h00

Os 12 maiores clubes brasileiros tiveram até agora 34 técnicos no período de um ano corrido, uma média de quase três por time. Nesta época, apenas o Cruzeiro manteve o seu treinador Marcelo Oliveira. Cartolas ouvidos pelo blog atribuíram o troca troca à cultura de resultados, e até a mediocridade deles mesmos.

O blog fez um levantamento das substituições de treinadores desde junho de 2013 até maio de 2014 nas quatro grandes equipes de São Paulo (Corinthians, São Paulo, Palmeiras e Santos), quatro do Rio de Janeiro (Botafogo, Flamengo, Fluminense e Vasco), dois de Minas Gerais (Atlético-MG e Cruzeiro) e dois do Rio Grande do Sul (Grêmio e Internacional).

Neste período, quem mais mudou de técnico foi o Fluminense. Foram cinco comandantes para o time tricolor carioca em um ano. O Brasileiro-2013 foi iniciado com Abel Braga, substituído por Vanderlei Luxemburgo e derrubado para a ascensão de Dorival Jr.

Não deu certo e o time foi rebaixado em campo, se salvando no tapetão. Veio Renato Gaúcho, seguido do atual Cristovão Borges. Todos os quatro antecessores foram demitidos.

Com a proposta de ter uma gestão moderna, o Flamengo vem logo atrás com quatro técnicos em um ano, após duas demissões (Jorginho e Jayme de Almeida) e um pedido para sair (Mano Menezes). Agora, chegou a vez de Ney Franco. Considerado todo o mandato de um ano e meio atual, foram cinco treinadores.

"É comum no futebol brasileiro. Futebol é feito de acordo com resultados. Nossa intenção nunca foi essa (rotatividade alta)", afirmou o presidente do Flamengo, Eduardo Bandeira de Mello. "O Dorival Jr não era nosso (técnico) e tinha o salário alto. O Jorginho não teve resultado. O Mano Menezes não foi a nossa vontade. E o Jayme não estava performando."

Ele não vê contradição no discurso de uma administração mais planejada com as constantes trocas. "O que fazemos de diferente (em relação a outras gestões do Flamnego) é manter os salários em dia, pagar nossos impostos. Ter responsabilidade fiscal."

Já o presidente do Atlético-MG, Alexandre Kalil, admitiu que há uma culpa sua pela recente troca de Paulo Autuori por Levir Culpi.

"Atribuo a uma cobrança exacerbada de todos no futebol. Já falei na época, eu me senti um medíocre quando troquei o técnico. Dói mais em mim do que nele", analisou.

Clube que está em meio a uma troca de técnico, o Palmeiras é um exemplo do estresse da substituição na cara do executivo José Carlos Brunoro. Ele se retirou correndo de um seminário sobre negócios no futebol para não responder a repórteres sobre quem comendará o time no lugar do demitido Gilson Kleina, que, por sinal, era o mais longevo dos treinadores até então. Será o 35o treinador de um dos grandes em um ano.

Unico a manter seu treinador no último ano, o diretor de futebol do Cruzeiro, Alexandre Mattos, admitiu que só conseguiu o feito por conta dos resultados que ajudaram – o time foi campeão brasileiro. "O Cuca, se não tivesse saído, teria ficado no Atlético-MG também. Mas atribuo essas trocas a uma cultura de resultados dos dirigentes, entre os quais eu me incluo."

Na verdade, não houve 34 treinadores nos clubes porque vários dos nomes se repetiram. Ou seja, eram demitidos de um time e acabavam em outro que tinha se livrado do anterior, em um círculo vicioso. São os casos de Abel Braga (2), Vanderlei Luxemburgo (2), Oswaldo de Oliveira (2), Muricy Ramalho (2), Mano Menezes (2), Ney Franco (2), Renato Gaúcho (2), Paulo Autuori (2) e Dorival Jr (2).

No total, foram 19 demissões dos clubes. Quatro treinadores pediram para sair de seus times. Restaram 11 no atual comando das equipes, e um cargo vago no Palmeiras.

Sobre o Autor

Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.

Sobre o Blog

O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.