Itaquerão e Beira-Rio têm menor custo por jogo de estádios da Copa
Privados, o Itaquerão e o Beira-Rio têm as menores despesas percentuais por jogo entre os estádios da Copa-2014. Isso significa que o Corinthians e o Internacional ficam com uma fatia bem maior das receitas das partidas.
A constatação foi resultado de levantamento do blog em borderôs de jogos das dez arenas. Como critério, foram consideradas todas as despesas, desde custos operacionais a descontos de federações estaduais.
Foram usadas de três a cinco partidas por sede, com exceção do Itaquerão. A Arena das Dunas foi desconsiderada porque a maioria dos seus jogos dá prejuízo, o que causaria uma distorção. E a Arena da Baixada ainda não tem relatórios financeiros disponíveis.
Se as sedes privadas aparecem com o menor custo, os estádios geridos por empreiteiras ou por governos têm os maiores custos. Nas mãos de um consórcio formado pela Odebrecht e pela OAS, a Fonte Nova é o caso mais absurdo com despesas que mordem 69% das receitas em jogos do Bahia e Vitória.
Em seguida, estão estádios como Maracanã (47%), Castelão (57%) e Mané Garrincha (53%). Os dois primeiros também são administrados por concessionárias com liderança de empreiteiras – a Odebrecht, no caso da praça carioca. Já a arena brasiliense é responsabilidade do governo do Distrito Federal.
Esses números chamam atenção quando confrontados com os percentuais pagos por Corinthians e Internacional. A estreia do Itaquerão teve um custo de 21,4% da renda total – R$ 650 mil de uma renda de R$ 3 milhões. No caso do Beira-Rio, o Internacional gasta em média 23,6% de suas rendas com despesas operacionais desde a reabertura.
Claro que no caso corintiano houve alguma economia por o jogo inaugural ser evento teste da Fifa e por itens que faltam na arena, como monitoramento. O COL (Comitê Organizador Local) pagou, por exemplo, por 700 seguranças. Mas o clube colorado já fez um jogo com ajuda do comitê e a queda de despesa não foi tão significativa.
Há ainda de se levar em conta o fato de o Corinthians ter cobrado um alto ingresso médio (R$ 83), o que ajuda a minimizar o impacto das despesas. Mas o que fica claro é que, ao gerir seus próprios estádios, os clubes conseguem reduzir consideravelmente as despesas da partida.
A Odebrecht, no entanto, contesta a comparação afirmando que "o critério adotado pela reportagem desconsidera pontos cruciais na operação dos estádios." Primeiro, cita os eventos-teste da Fifa como fator para baratear o jogo do Itaquerão e depois fala dos custos de manutenção.
"(Nos estádios da Odebrecht) Há casos que incluem os custos de operação e manutenção, e há caso em que os custos não são contemplados nos borderôs. No caso do Maracanã, por exemplo, a segurança patrimonial é feita além do estádio, abrangendo as estações de metrô e trem. Desta maneira, cada arena tem serviços específicos, que impossibilitam a comparação real dos custos", disse a Odebrecht.
Mas fato é que os clubes não têm que pagar aluguel, não têm despesas operacionais em montantes acima de R$ 300 mil. Para se ter uma ideia, na final da Copa do Brasil, o Flamengo perdeu R$ 4 milhões em custos da concessionária do Maracanã e para outros itens.
A Federação de Futebol do Rio de Janeiro, por exemplo, exige 10% da receita total. O levantamento usou jogos do Botafogo, Flamengo e Fluminense, que têm modelos diferentes, para não haver distorções.
Da regra de altos custos impostos por empreiteiras, só escapa a Arena Pernambuco, que teve descontos em torno de um quarto das rendas dos jogos do Náutico. O estádio também é gerido pela Odebrecht.
Veja abaixo quanto gasta percentualmente cada estádio da Copa-2014 com despesas em geral:
Arena Amazônia: 43%
Arena Pantanal: 38%
Arena Pernambuco: 26,8%
Beira-Rio: 23,6%
Castelão: 57%
Fonte Nova: 69,2%
Itaquerão: 21,44%
Mané Garrincha: 53,2%
Maracanã: 46,8%
Mineirão: 26,8%
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