Fifa cobra R$ 1.320 por lugar descoberto no Itaquerão. Maioria tem teto

Considerados todos os estádios da Copa, cerca de 80% dos assentos têm cobertura, segundo a Fifa. Mas, por conta dos atrasos na construção, o Itaquerão tem um nível de 70% de proteção contra o tempo em suas cadeiras. Pior, a falta de teto atinge justamente lugares nobres onde o ingresso sai por até R$ 1.320,00.

Ressalte-se: a Fifa não exige que as arenas sejam integralmente cobertas. Essa determinação só vale para os setores onde ficam os VVIPs (Very Very Important People), os VIPs, e a imprensa. Não há obrigação em relação aos outros assentos.

Mesmo assim, ao se ler o caderno de recomendação da federação internacional para estádios, fica claro que o teto é item normalmente cobrado pelos torcedores. "Uma cobertura sobre todos os espectadores é particularmente desejável em climas frios e úmidos", diz o documento. "É possível que os espectadores relutem em sentar em um local com temperaturas muito baixas ou em condição úmida extremente quente para assistir a eventos esportivos."

Pois bem, por falta de material, as pontas das coberturas do lado oeste e leste do Itaquerão não ficarão prontas para a Copa. O Corinthians rechaçou o uso de um vidro levemente esverdeado, por remeter ao Palmeiras, e não havia disponível no mercado modelos transparentes. Agora, o clube já até recebeu parte desse equipamento, mas não há tempo para instalá-lo.

Resultado: na estreia do estádio, diante do Figueirense, torcedores nas cadeiras mais baixas dos setores oeste e lestes tomaram chuva. Pois os assentos desses lugares estão inseridos na categoria 1, ou seja, a mais cara da Fifa. Seus preços para as partidas em São Paulo variam de R$ 350,00 a R$ 1.320 (valor da semifinal). Quem assistir à abertura entre Brasil e Croácia dali pagará R$ 990,00.

Questionada pelo blog, a Fifa não respondeu se estava preocupada por expôr um torcedor que paga tão caro à chuva. A política de preços foi feita antes de se saber que o estádio seria entregue incompleto. Mas, na nova carga de bilhetes, não haverá modificação nos valores.

Uma pesquisa do blog mostra que há cobertura mais extensa em outros estádios. Mas também há possibilidade de torcedores que pagaram caro tomarem chuva. Por exemplo, o Maracanã informou que 95% dos seus assentos são cobertos. Mas, pela natureza elíptica do estádio, os lugares no Sul e Norte são mais protegidos.

Basta olhar os mapas de ingressos do estádio carioca para perceber que os mais caros, com preços de até R$ 1980,00, são mais próximos do campo nas suas laterais. É justamente ali que a cobertura da arena pode não ser suficiente, dependendo do vento.

Um dos arquitetos do Mineirão, Marcelo Fontes afirmou que também é minoritário o número de lugares expostos à chuva no estádio. "Praticamente 100% da arquibancada é coberta. Não chega a 10% de lugares sem proteção. Claro que a cobertura é muito alta e pode ter o efeito do vento. Mas já fui em excursão com chuva e o teto protegeu perfeitamente", analisou.

O Castelão também tem 100% de cobertura, com possibilidade de chuva apenas em poucos lugares por conta do vento. "A intenção era dar conforto a todos, não só aos VIPs, e uma das principais questões em Fortaleza é a incidência de sol e não propriamente a chuva", afirmou, por e.mail, um dos arquitetos do estádio, Ronald Werner.

Em nenhum desses estádios, a Fifa deu descontos nos ingressos por vender lugares desabrigados.