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Rodrigo Mattos

CBF, PM e Bahia causam confusão que quase esmaga crianças em estádio

rodrigomattos

30/05/2014 07h00

As cenas no Estádio Joia da Princesa, no jogo entre Bahia e Santos, tinham adultos passando crianças por cima da cerca para escaparem de serem espremidos. Sim, os dados levantados pelo blog comprovam que a arena estava superlotada. E os fatos que levaram a essa confusão têm parcelas de culpa da CBF, da PM e do clube baiano.

Apesar disso, o presidente da FBF (Federação da Bahia de Futebol), Ednaldo Rodrigues, que vai fazer o relatório da partida, afirmou que não vai indicar a interdição do Joia da Princesa. No seu entendimento, não houve superlotação na arena. "Não vejo motivo para o estádio ser fechado. Só poderia ocorrer se não houvesse laudo, ou se tivesse superlotação. Cabe ao STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) avaliar", afirmou.

Vamos aos dados. A FBF informou que a capacidade de público do estádio é para 16.274, segundo determinado por quatro laudos emitidos para o Campeonato Baiano. Pois bem, o público pagante registrado foi de 16.089 pessoas.

Mas o Bahia informou em seu twitter que houve outras 1.200 pessoas que entraram de graça por conta de autoridades municipais: eram idosos, crianças, e policiais."Isso está provocando a confusão", afirmou comunicado do clube.

Ora, pelo estatuto do torcedor, é o Bahia o responsável pela segurança do torcedor. É o Bahia quem tinha de verificar a capacidade do estádio, e informá-la a autoridades. Se havia gratuidades, deveria ter levado isso em consideração na venda de bilhetes.

Para o presidente da FBF, o problema foi provocado pela PM que segurou um espaço grande demais para a torcida do Santos. Segundo Rodrigues, quando parte do setor santista foi liberado para a torcida do Bahia, acabou o problema. "Vou apontar que o estádio estava dentro da capacidade. A questão foi a logística da PM", analisou o cartola.

Ao Sportv, o Major Carvalho, da PM, atribuiu o empurra-empurra à emoção do torcedor, que queria ficar perto do campo. Ele minimizou a confusão por ninguém ter ficado ferido.

Mas tanto a federação baiana quando o tricolor deixaram claro que o início do problema ocorreu porque o jogo teve de ser transferido da Fonte Nova para Feira de Santana. Isso porque a CBF decidiu estender o Brasileiro até a apenas 11 dias da Copa-2014, o que deixou fechado para o campeonato todos os estádio a serem utilizados no Mundial.

"Só o diretor de competições da CBF pode falar sobre isso. Mas se deslocou o público para outro local. Quando há datas próximas, era preferível apertar o calendário com jogos nas quartas-feiras. Caberia ter paralisado o Brasileiro antes", defendeu Rodrigues.

A diretoria do clube também reclamou: "O Bahia não joga em casa, na Fonte Nova, vale lembrar, porque não pôde utilizar nem mesmo Pituaçu (também em Salvador) devido à Copa." Pelo Estatuto do Torcedor, a CBF também respondeu por confusões no estádio.

São muitas as explicações. Fato é que confusões que espremem pessoas em grades ou cercas não são fato corriqueiro. Foi desta forma que quase uma centena de pessoas morreu no Estádio de Hillsborough, na Inglaterra. Por lá, isso mudou todas as regras do futebol. Por aqui, segue o jogo de empurra-empurra.

Sobre o Autor

Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.

Sobre o Blog

O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.