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Rodrigo Mattos

Voluntários da Copa sofrem com caos em programa do governo

rodrigomattos

11/06/2014 06h00

Participantes relataram sérios problemas de desorganização no programa de voluntários do governo federal para a Copa-2014. Foram apontadas falhas como a falta de treinamento, desinformação sobre os dias de trabalho e tarefas, ausência de critério para escolhas das pessoas,  demora para o fornecimento do uniforme, e até de vales de lanches.

Com atuação em aeroportos, e outros prontos estratégicos, o programa do Ministério do Esporte tem como objetivo complementar o serviço feito por voluntários da Fifa. Seu custo total é de R$ 18 milhões.

Mas houve atraso na maior parte das contratações como de uniformes. Neste caso, a primeira licitação foi anulada porque havia propaganda do Ministério do Esporte. E, mais do que isso, houve muito atraso na hora de informar os participantes, além de adiamentos de sua atuação.

"A gente participou de treinamentos. No dia sete, deveríamos nos apresentar para o trabalho, mas não tinha credencial, uniforme, nem escala de trabalho", contou o gerente comercial, Sérgio Jordão, 32, há cerca de quatro dias. "Isso já está beirando o ridículo."

Ele faz parte de grupos de discussão dos voluntários do governo, no qual o blog ouviu diversas reclamações.

Por exemplo, após o adiamento, no dia 10, nesta terça-feira, foram de fato distribuídos os uniformes só que de forma incompleta. Teve voluntário que ficou sem calça e jaqueta, alguns até sem crachá. Foram entregues a mochila e camisas. A informação recebida pelos participantes é de que parte dos kits estava preso em Brasília.

Também não houve entrega do auxílio alimentação. Explica-se: o governo teve que fazer um contrato de emergência com a empresa Sodexo no dia 28 de maio, depois que a primeira concorrência não pôde ser concluída por falta de interessados.

Não é o único problema. A professora universitária Estela Sales, que também é empresária de eventos, contou que a recebeu treinamento na Infraero. "Nem sei se vou ser chamada para o aéreo. Gostaria e cumpri tudo com a mesma repsonsabilidade. Mas, e se eles estão fazendo isso por questões internas?", contou ela. Depois, de fato, Estela, apesar da desinformação no programa, foi chamada de fato para atuar na Infraero. Ela ressaltou o ponto positivo de aprender na "prática".

Outros voluntários do grupo que não quiseram se identificar disseram que ligavam para coordenadores e não conseguiam saber nem se tinham sido excluídos, ou informações de quando deveriam começar a trabalhar.  Mandavam e.mail e não eram respondidos. A falta de treinamento também foi uma reclamação.

E os voluntários não chegaram à toa no programa. Tiveram de fazer testes com pontuações e avaliações de coordenadores antes de serem aprovados. Depois de tudo isso, alguns relataram ter feito viagens longas de cidades do interior para cumprir agendas em São Paulo do programa, mas a tarefa foi adiada.

O Ministério do Esporte defendeu seu programa de voluntários por meio da assessoria.

"O programa é composto de treinamento virtual e presencial, certificado pela Universidade de Brasília (UnB). A fase virtual foi de 12 de março a 18 de abril, e a parte presencial ocorreu durante quatro finais de semana, entre 26 de abril e 25 de maio. Todos os voluntários foram convocados por email. As datas e locais foram amplamente divulgadas no portal do Brasil Voluntário", afirmou a pasta.

Segundo o Ministério, "todos os inscritos no programa foram convocados para o treinamento virtual. Aqueles que concluíram com o mínimo de 50% de aproveitamento foram chamados para o presencial. Os voluntários puderam escolher duas opções de ârea de atuação, que foram levadas em conta no momento do agendamento".

Sobre o Autor

Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.

Sobre o Blog

O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.