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Rodrigo Mattos

Um empate sem brilho do Brasil. Mas Ochoa parece ter seis dedos

rodrigomattos

17/06/2014 17h59

Quando se transferiu para a Europa, Ochoa enfrentou uma boato de que tinha seis dedos. Não era verdade. Mas, nesta terça-feira, parecia, sim, que o goleiro mexicano tinha um algo a mais tal foi o nível de suas defesas contra a seleção brasileira. Apesar de o Brasil não ter sido brilhante, foi ele o responsável por manter o placar zerado.

O jogo foi parelho desde o início, chato e de poucas chances no primeiro tempo, mais animado na segunda etapa. Deixou expostas deficiências do time brasileiro, com as péssimas atuações de dois jogadores-chave como Fred e Paulinho. Mostrou um México bem melhor do que se esperava antes da Copa, rápido e sem medo do time brasileiro.

Sim, é certo de que os mexicanos eram mais defensivos no início. Mas ameaçavam também com chutes de longe e prevaleciam em boa parte das disputas graças a maior velocidade em relação ao meio de campo brasileiro.

Ao final, os números da Fifa mostram um jogo bem parelho, com 14 arremates da seleção, e 13 dos mexicanos. A posse de bola foi um pouco maior para o Brasil do que para os rivais. E os adversários correram mais e fizeram mais faltas que os atletas nacionais.

De início, o Brasil apostava quase que de forma solitária em Neymar. Ele partia para cima, voltava para armar e até cabeceava. Foi com a cabeça que ele gerou a maior defesa desta Copa-2014 quando Ochoa lembrou Gordon Banks, na Copa de 70, e se esticou para impedir o gol. Daquela vez, foi com Pelé.

Foi só um dos quatro belos lances do goleiro mexicano. Outro chute de Neymar, e mais uma cabeçada de Thiago Silva pararam no arqueiro. E, quando Paulinho apareceu na cara gol, ele fechou o lance e salvou.

Por esse relato, parece que o Brasil foi arrasador. Não é a realidade. Júlio César também esteve muito ameaçado, e foi bem. E o México botou a seleção nas cordas no início do segundo tempo, com uma série de arremates de longe que poderiam, facilmente, ter entrado. Faltava ali a marcação de Paulinho.

Será que o ex-corintiano se tornará um novo Raí? Esteve mal nos dois jogos desta primeira fase e parece sério candidato a perder a vaga no time titular. Mas Felipão o manteve até fim. Fred, em sua segunda péssima atuação no Mundial, saiu para entrada de Jô. Não adiantou muito visto que ele chutou de forma bisonha quando teve bela enfiada de Bernard.

Aliás, Felipão errou na sua opção por Ramires no início do jogo para substituir Hulk. Bernard esteve bem melhor no segundo tempo, demonstrando que é um ganho para a seleção com jogadas de fundo e boa visão de jogo. Serão alternativas que o treinador brasileiro terá de levar para o travesseiro.

Certo é que o empate foi uma partida abaixo do que esta Copa tem apresentado em termos de qualidade, embora não tenha sido um jogo ruim. Só Ochoa salvou a tarde dos espectadores com uma exibição rara em um Mundial.

Sobre o Autor

Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.

Sobre o Blog

O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.