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Rodrigo Mattos

Recusas de convites, sumiços e imóveis. O que Dunga fez longe da seleção

rodrigomattos

22/07/2014 06h00

Dunga passou quatro anos longe da seleção, da demissão ao final da Copa-2010 até a volta nesta terça-feira. Neste período, só dirigiu um time de futebol por dez meses, o Internacional, em 2013. No tempo livre, recusou convites, investiu em imóveis e deu sumiços para viajar. Esse é o relato de pessoas próximas ao novo treinador do time brasileiro.

Não foram poucas vezes que tentaram tirar Dunga do Sul. Propostas do Oriente Médio, de times brasileiros e até de uma grande equipe européia (Inter de Milão) chegaram para o treinador, segundo amigos. Mas ele ou não gostava da ideia logo de início, ou fazia muitas exigências que inviabilizavam sua contratação. Confessava aos amigos que só lhe interessava trabalhar fora, e preferencialmente com seleções.

Suas seguidas recusas se explicavam porque não tem necessidade financeira de trabalhar no futebol. Com dinheiro acumulado na carreira, investiu bastante em imóveis no Rio Grande do Sul, principalmente em Ijuí, sua terra natal, para revendê-los por preços maiores.

Assim podia viver da forma que queria. Entre as atividades estavam os churrascos e peladas no campo "Capitão Dunga", que fez no meio do seu condomínio, juntamente com outro de bocha. Reúnem-se a ele empresários e pessoas de seu círculo. Do meio do futebol, o ex-goleiro Danrlei era um dos presentes.

Mas às vezes Dunga sumia das peladas até por três meses. Já se sabia que tinha viajado, boa parte das vezes para a Europa e para o Japão, país que adora. Ia ver contatos do mundo do futebol que manteve nos países em que jogou, inclusive na Alemanha.

Seus amigos dizem que assiste a um número impressionante de jogos na televisão. Durante a Copa-2014, de fato, esteve em várias partidas.

Por telefone, mantém contato com colegas de países distantes sobre assuntos relacionados do futebol. Sabe dizer, sem pensar, quem é o lateral-esquerdo do Sttutgart, segundo uma pessoa próxima. Mas não há nenhum relato de curso de aperfeiçoamento que Dunga tenha feito. Se aconteceu, ele não contou aos amigos.

Durante todo esse período, Dunga revelava a amigos um certo rancor com certas pessoas ao deixar a seleção. E entendia que não tinha feito tudo que queria.

Seu plano confidenciado a amigos era trabalhar com garotos novos, de 14 a 18 anos, para formar uma geração entrosada. Deixou esse planejamento explícito em um dos relatórios feitos à CBF quando ainda era treinador da seleção.

Mas, contraditoriamente, sua passagem pelo time brasileiro foi marcada pelo pouco aproveitamento de jogadores jovens – nem convocou Neymar para a Copa-2010. Amigos apostam que Dunga volta à seleção porque não suportava a ideia de não ter completado o trabalho.

Por isso, recusou o convite da Venezuela para ser o treinador que levaria o país pela primeira vez à Copa. Por isso, interrompeu a negociação com a seleção do Japão, que sonhava em dirigir.

Sobre o Autor

Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.

Sobre o Blog

O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.