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Rodrigo Mattos

Decisão final do STJD para Grêmio criará padrão para penas por racismo

rodrigomattos

06/09/2014 06h00

O julgamento do Grêmio no pleno do STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) vai estabelecer uma referência para as punições para casos de racismo no futebol brasileiro. É o que dizem auditores do tribunal. Isso porque a decisão em primeira instância não é suficiente para criar uma jurisprudência.

Na comissão disciplinar, o clube gaúcho foi punido com a exclusão da Copa do Brasil pelas ofensas de gremistas ao goleiro Aranha. A medida é inédita para atos discriminatórios, e houve recurso do Grêmio para pedir absolvição.

O blog apurou que, na cúpula do STJD, há uma tendência a dar uma pena dura para o time do Sul para tentar evitar novos casos de racismo. Mas isso não significa que é certa a manutenção da eliminação, já que é possível também tirar mandos de campo.

Os auditores do tribunal, que não podem se manifestar publicamente porque vão julgar, entendem que uma punição forte ficará na cabeça do torcedor, e dos clubes. É citado o fato de o Grêmio ter tomado atitudes como exclusão e punições em relação aos torcedores acusados de atos racistas pela possibilidade de ser punido. Antes, o clube nada fazia em relação aos gritos de macaco na arquibancada.

Acredita-se no tribunal que uma pena dura fará com que torcedores fiscalizem os seus pares para evitar novos casos. Exatamente como ocorre nos episódios de arremessos de objetos no campo: houve uma redução desse tipo de infração após punições dos tribunais.

Presidente de uma das comissões do STJD, e portanto fora do julgamento, Paulo Valed Perry concordou com a pena imposta por colegas por entender que os atos foram muito ofensivos. E explicou os efeitos do julgamento em última instância no tribunal:

"Quando o pleno tomar uma decisão, será criada uma jurisprudência (sobre racismo). Para ser obrigatório julgar da mesma forma em todos os tribunais, o pleno teria de fazer uma súmula vinculante como já fez em alguns casos", explicou Perry.

Sobre o Autor

Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.

Sobre o Blog

O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.