Teixeira irrita-se com Del Nero, mas prefere fazenda a brigar por CBF
Desde o primeiro semestre, o ex-presidente da CBF Ricardo Teixeira passou a viajar frequentemente ao Brasil após se separar de Ana Carolina Wigand. Esse período coincidiu com uma crescente irritação com Marco Polo Del Nero, vice-presidente da entidade e futuro chefe da entidade, pelas mudanças promovidas na confederação. Até agora o ex-dirigente, no entanto, não quis briga, preferindo se manter afastado do futebol e reativar os negócios de sua fazenda no Rio de Janeiro.
Para entender a relação entre Del Nero e Teixeira é preciso voltar a 2012 quando o ex-presidente teve que renunciar à CBF pelas provas de que recebeu propina de parceiro da Fifa e de que tinha ligação com empresa que faturou com amistoso da seleção. Foi embora para Miami com mulher e filha. Para a confederação, fechou um acordo com Del Nero e José Maria Marin para que assumissem desde que mantivessem intacta a operação na entidade.
Cada vez que o início da gestão de Del Nero se aproxima, no entanto, mais é desmontada a estrutura da CBF armada por Teixeira. Um dos pontos centrais foi o afastamento de José Carlos Salim e Antônio Osório das diretorias de marketing e financeira da entidade. Foram mantidos com cargos sem função apenas para terem salário, mas, na prática, nada fazem. O marketing foi para as mãos de Gilberto Ratto, ex-São Paulo, e o departamento financeiro para Rogério Caboclo, ambos de confiança do futuro presidente.
Esses são os setores que controlam os vultosos recursos de contratos de patrocínio, a maioria deles fechada pelo antigo presidente. Sem os aliados do antecessor, Del Nero tem substituído paulatinamente os acordos -como foi o caso da Chevrolet no lugar da Volkswagen – e passa a controlar a operação de fato.
Outro centro de poder da CBF é o empresário Wagner Abrahão, amigo de Teixeira e que sempre lidou com ingressos e viagens da confederação e até da Copa-2014. Ele passou a responder às ordens diretas de Del Nero, e até criou ligação com o filho dele Marcus Vinicius Del Nero. Isso embora sua amizade ainda seja com o ex-presidente. Desta forma, o futuro presidente da CBF passa a dominar todos os principais setores que rendem dinheiro, e deixa o antecessor de lado e no escuro.
Entre pessoas próximas a Teixeira, há a informação de que sua irritação com Del Nero chegou a tal ponto que só fala com ele por meio de Abrahão. O vice da confederação repete assim o que fez com Eduardo José Farah, ex-presidente da Federação Paulista de Futebol, que o colocou no poder e depois foi esquecido e escanteado.
Esses movimentos seriam o suficiente para o ex-presidente da CBF tentar uma revanche, mas até agora ele não tomou atitudes nesta direção até pelos problemas de saúde – é dibético e hipertenso. Revelada pela "Folha", sua volta ao Brasil, intercalada com estadias em Miami, está mais relacionada a retomar a vida pessoal após a separação. Além de procurar por amigos, ele até prepara uma recuperação das atividades da Fazenda Santa Rosa: há a possibilidade de voltar a produzir leite com força como fazia anteriormente. Esse negócio foi quase abandonado quando ele foi morar nos EUA.
A fazenda, lembre-se, era o elo entre Teixeira e Sandro Rosell, ex-presidente do Barcelona, que provava sua relação com os ganhos no jogo entre Brasil e Portugual, em 2008. A "Folha de S. Paulo" mostrou que a Ailanto, empresa de Rosell, mantinha uma subsidiária com endereço na mesma fazenda. E a propriedade de Teixeira, embora inativa, recebia uma aluguel por esse serviço. Era um dos pontos que demonstrava transferência de dinheiro de Rosell para o ex-presidente da CBF logo após a Ailanto faturar R$ 9 milhões em dinheiro público no amistoso realizado em Brasília.
Mas, se não articula vingança, Teixeira tem aliados bem poderosos que compartilham sua irritação com Del Nero. Ele tem em Ronaldo e outras outros ligados à confederação pessoas dispostas a brigar com o futuro presidente da CBF. De movimentação própria, chegou a ligar para o candidato a presidente Aécio Neves, que era seu amigo e é próximo de Ronaldo.
Favorito a se reeleger governador do Rio, Luiz Eduardo Pezão (PMDB) é bastante próximo de Teixeira, fruto do relacionamento criado em Piraí, base política dele. No PT, há Andrés Sanchez, eleito deputado federal e aliado do ex-todo-poderoso da confederação. Outras pessoas do partido em São Paulo também têm relação estreita com o ex-dirigente da CBF. Há ainda presidentes de federação fiéis ao antigo cartola.
No cenário pintado por pessoas ligadas ao ex-presidente, o mais provável é que esses aliados comprem a briga contra Del Nero em 2015, quando ele será de fato o presidente em substituição a Marin. Teixeira deve assistir da fazenda, de sua mansão no Itanhagá no Rio de Janeiro ou de Miami, seus portos recentes. O blog tentou, sem sucesso, falar com o atual e o antigo todo-poderoso da confederação.
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