CBF institui regra de ditadura para impedir protestos em jogos
Ao elaborar o novo regulamento de competições, a CBF instituiu regras de ditadura para impedir protestos em jogos. E ainda aumentou o seu controle sobre os clubes. Essas medidas, que passam a valer para 2015, são determinadas após manifestações do Bom Senso FC (grupo de jogadores), de torcedores e brigas de clubes na Justiça comum durante este ano.
O novo texto foi redigido por uma comissão de membros da entidade. Entre as novidades, estão regras contra a armação de resultados e limite de jogos por atleta, mas com brecha para aumentar a restrição
Primeiro, logo em seu artigo 3o, o regulamento afirma que os clubes se submetem ao texto, "reconhecendo plenos poderes à CBF para que resolva (…) todas as matérias, problemas e demandas". Ou seja, não é que os times têm só que seguir as regras como em todo, lugar, se houver qualquer polêmica, a confederação pode impôr sua vontade em qualquer circunstância.
Depois, no artigo 4o, inciso III, fica estabelecido que a CBF tem que "aprovar ou rejeitar" a "utilização de cartazes e manifestações em geral, previstas para antes ou depois da partida", "exigida sempre a formal solicitação da parte interessada e a prévia e expressa autorização da CBF".
Em comparação, o regulamento atual prevê que deve haver o aval da confederação apenas para ações promocionais dentro e no entorno do campo- nos artigos 3 e 102A. Assim, evita-se patrocinadores rivais. Slogans ofensivos e mensagens políticas também estavam vetados.
Mas agora a confederação foi bem além A intenção dos membros da CBF é evitar que qualquer tipo de cartaz ou protesto que não seja do seu interesse ocorra no campo ou em estádio. Uma faixa contra a arbitragem da torcida pode ser retirada. Uma cartaz reclamando do STJD, também.
O Bom Senso FC teria de pedir autorização para fazer uma manifestação contra a própria CBF, como aconteceu no ano passado. Nos bastidores, cartolas da confederação alegam que não se pensou no grupo de jogadores ao elaborar a nova regra. Mas dirigentes confirmaram que os atletas terão de submeter seu protesto por cartazes ou outro gestos ao crivo da confederação antes de realiza-los.
É uma grande mudança visto que o Bom Senso alegou que nunca descumpriu regulamentos com suas manifestações. A medida da CBF é uma censura prévia como ocorreu durante a ditadura no Brasil, e que permite repressão a protesto.
Mais adiante, o novo conjunto de regras obriga os clubes a atender todos os acordos comerciais da CBF em suas competições, assim como projetos de desenvolvimento técnico. Os times também têm que aumentar a cota de ingressos para serem vendidos à confederação, que passa de 1% para 2%. Em um jogo cheio no Maracanã, a entidade pode ficar com 700 bilhetes.
Até a realização de partidas fora do calendário de competições tem de passar sob o crivo da entidade. Excursões e amistosos de times terão de ter a aprovação solicitada à confederação mesmo na pré-temporada. Antes, isso só valia para compromissos durante os campeonatos. Federação que descumprir a pré-temporada está ameaçada de ver seus times fora das competições da CBF.
Mais do que isso, o artigo sobre o respeito à Justiça Desportiva acrescentou restrições. Agora, os clubes se obrigam a desautorizar qualquer terceiro interessado que entre na Justiça comum para reivindicar direitos para os times. Ou seja, as agremiações teriam de dizer que torcedores que forem ao judiciário não os representa.
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