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Rodrigo Mattos

Dono do clube de Kaká prevê que time valerá US$ 1 bilhão em oito anos

rodrigomattos

20/12/2014 05h00

O futebol nos EUA atraiu investidores brasileiros durante 2014, e se prepara para um salto de crescimento durante os próximos anos. Entre os empresários nacionais, Flávio Augusto da Silva foi quem mais gastou ao comprar o Orlando City, e contratar Kaká para jogar pelo seu time. É dele a estimativa de que o esporte se tornará um negócio bilionário no país.

Essa é a segunda matéria sobre a presença nacional no futebol dos EUA, sendo que a primeira foi sobre o motivo que levou os brasileiros a preferir investir no esporte norte-americano. Desta vez, em entrevista por e.mail ao blog, Flávio Silva explicou qual a estratégia do Orlando City para multiplicar por dez seu valor no contexto da MLS (Major League Soccer).

"Eu me comprometi com US$ 110 milhões de investimento na compra do clube, a entrada na MLS e na construção de nosso estádio. Fomos avaliados, antes de mesmo de chutar a bola, depois da renovação do contrato de direitos de TV e o reconhecimento global que os EUA é a próxima fronteira do futebol, em US$ 325 milhões. Daqui a 8 anos, acredito que o clube valerá mais de US$ 1 bilhão, como é muito comum os clubes da NBA valerem", disse ele.

Com um valor de R$ 2,7 bilhões, o Orlando City se tornaria um clube mais rico do que qualquer outro no Brasil. Nenhuma equipe nacional tem ativo similar mesmo considerando estádios como o Itaquerão ou o Beira-Rio. Claro, as agremiações brasileiras também têm tido crescimento de receitas, mas não há nenhuma com perspectiva de decuplicar seu patrimônio neste período.

A expectativa otimista do empresário Flávio Silva, que era dono do Wise up, baseia-se nos números atuais da MLS, que já tem uma média de público maior do que o Brasileiro e um contrato de televisão nacional turbinado. O número das pessoas que assistem aos jogos é maior do que a NBA, que é disputada em ginásios. Mas se o dono do Orlando City se compara a NBA como poderá chegar lá em termos de receita?

"No clube, receitas de season tickets (…) é uma estratégia bastante adotada, bem como patrocínios, direitos de TV local, licenciamento de produtos, eventos, camarotes corporativos, escolas de futebol etc. No caso do Orlando, além dessas linhas comuns de faturamento, também desenvolveremos novos negócios associados ao time que serão divulgados em breve", contou o empresário.

Mas a questão é que o seu faturamento não se resume à estratégia individual. A liga tem como associados os times que dela participarão na próxima temporada, e o Orlando detém 1/22 parte da empresa, o mesmo que clubes antigos. No conselho, participa das decisões sobre seu futuro, e também nas receitas conjuntas como o contrato de televisão e até amistosos realizados com equipes e seleções.

Para sustentar o crescimento do clube, Flávio Silva aposta em Kaká como consultor para formar uma equipe que saiu do zero e tem algumas contratações de jogadores de fora como Break Shea, centroavante que estava no Stoke City da Inglaterra. Sua expectativa é de um estádio cheio com 65 mil pessoas na estreia na MLS, em março, o que teremos de esperar para confirmar se acontecerá.

Por último, Flávio Silva explicou porque, apesar de ver a possibilidade de realizar as mesmas ações de marketing dos EUA no Brasil, nunca cogitou investir em um time nacional:

"A razão é simples: é preciso desmistificar o que é investir num time brasileiro. A Unimed por exemplo investiu no Fluminense por um tempo e agora saiu. Neste caso, foi um investimento publicitário. Eu não "invisto no Orlando City", eu sou dono do clube, eu comprei o clube e respondo com o meu patrimônio pessoal por ele. No Brasil, eu não poderia comprar o Flamengo, Botafogo, Corinthians ou qualquer outro clube porque eles são entidades que não podem ter uma pessoa física como acionista. Comprar um time-empresa pequeno que não tem torcida e nem a perspectiva de ter, não faz sentido em todas teses de marketing que justificaria esta iniciativa. Por isso, nunca cogitamos "investir" num time no Brasil."

Sobre o Autor

Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.

Sobre o Blog

O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.