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Rodrigo Mattos

Em 2014, grandes do Brasil têm 66 jogos, acima de regra da CBF e da Europa

rodrigomattos

31/12/2014 05h00

Apesar dos protestos do Bom Senso FC, representantes de jogadores, os times brasileiros continuaram a jogar um número bem superior de partidas em 2014 em relação aos países europeus. Levantamento do blog mostra que os 12 principais times do país atuaram em média 66 vezes na temporada, acima do limite para atletas imposto pela CBF para o próximo ano.

O movimento Bom Senso FC surgiu no final de 2013 para questionar o calendário do futebol brasileiro com excesso de compromissos para a elite e poucas partidas para times menores. Protestou, reivindicou, reuniu-se com a confederação. Mas as conveniências políticas se impuseram e o número alto de confrontos se manteve.

Quem mais sofreu foram os times bem-sucedidos. Atlético-MG e Cruzeiro atuaram 71 vezes durante a temporada. Mas times que estiveram na Libertadores, na Sul-Americana ou em finais de Estaduais como Flamengo (69), São Paulo (68) e Santos (68) também tiveram números altos. Nenhuma das 12 equipes ficou abaixo de 60.

Estudo do Bom Senso FC diz que a previsão para 2015 é de que a elite atue 68 vezes em média no ano, mas considera amistosos que não foram incluídos neste levantamento. Ou seja, o número é bem similar ao que foi obtido no blog. Segundo documento do grupo de jogadores, deve se jogar em média 50 vezes na Inglaterra, 48 na Espanha, 45 na Itália e 41 na Alemanha.

Em seu novo regulamento de competições, a CBF estabeleceu um limite de 65 jogos por atletas por temporada. Apesar do número ser bem alto, um clube como o Cruzeiro teria de prescindir de jogadores por seis partidas. Só que o próprio regulamento prevê que uma autorização da confederação pode abrir uma exceção.

Na temporada 2014, o mais grave é que o excesso de jogos ocorreu em um período bem comprimido de tempo. A Copa do Mundo retirou mais de um mês na temporada, o que obrigou a realização de mais partidas em prazo mais curtos. Com deslocamentos de jogos, houve até a ameaça de o São Paulo jogar com intervalo menor do que o exigido por regra, 66 horas, e três vezes na mesma semana.

A pré-temporada marcada para o início de 2015 deve provocar efeito similar para espremer tabelas, embora, claro, seja um aspecto positivo por dar tempo para preparar os atletas para os campeonatos. Só que, no próximo ano, há uma Copa América, e diversos amistosos da seleção, todos grudados nos jogos dos clubes, que, mais uma vez, vão ter que conviver com a chuva de lesões de atletas desgastados.

Sobre o Autor

Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.

Sobre o Blog

O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.