Enquanto Aidar e Juvenal brigam, dívida do São Paulo aumenta
O presidente do São Paulo, Carlos Miguel Aidar, e seu antecessor Juvenal Juvêncio brigam desde o ano passado por conta de questões financeiras. Mas ambos têm um ponto em comum: gastaram mais do que arrecadaram e aumentaram a dívida do clube. Agora, a diretoria são-paulina estuda formas de incrementar receitas para tentar resolver a situação.
Vamos aos números. Quando Juvenal Juvêncio assumiu o São Paulo, em 2006, o passivo do clube era de R$ 68 milhões, valor do final de 2005. Sua arrecadação naquele ano fora de R$ 112 milhões, isto é, bem superior ao total dos débitos.
Ao deixar o clube em 2014, Juvenal deixou um passivo total de R$ 312,9 milhões (final de 2013) em um ano em que a receita atingiu R$ 362 milhões inflada pela venda do atacante Lucas. Em resumo, em um ano de renda excepcional, o débito foi pouco menor do que a receita, o que significa que cresceu mais proporcionalmente durante suas gestões.
Pior foi que cresceu o débito bancário com empréstimos feitos pela antiga administração que já devem ter atingido R$ 130 milhões com os juros. Isso apesar de o São Paulo ter pago R$ 50 milhões dos débitos em 2013 com o dinheiro de Lucas.
"Quando se faz investimentos sem ter recursos disponíveis, tem que se ir a mercado para obter os recursos. Esses foram os casos dos empréstimos", contou o vice-presidente de Administração e Finanças do São Paulo, Oswaldo Vieira de Abreu, que passou pelas duas gestões.
E quais foram os investimentos de Juvenal? Contratações para o futebol e o centro de treinamento da categoria de base. Neste último caso, o dinheiro veio de lei de incentivo, mas há a manutenção que ultrapassa R$ 20 milhões. Comparado com outros clubes, a situação do São Paulo não é tão ruim, mas o problema é a falta de receitas para cobrir as altas de despesas.
Pois bem, chegamos a gestão Aidar. Logo de cara ele conseguiu uma antecipação de dinheiro da Globo, negociada também por Juvenal, e aplicou boa parte desse montante na compra de Alan Kardec por um custo total de R$ 20 milhões. Essa é uma crítica dos apoiadores de Juvenal: se estava preocupado com a dívida, por que gastou mais?
Mais, no final do ano passado, o São Paulo diz ter fechado com prejuízo de R$ 70 milhões, como previsto. O que fez no início desta temporada? Investiu dinheiro do próprio caixa no volante Thiago Mendes do Goiás, e agora gastará com Jonathan Cafu. Viera de Abreu argumenta que os valores não são altos se comparados ao mercado. O clube ainda fez propostas por Dudu e Conca, contando com receitas futuras.
A conclusão é que nenhum dos dois cartolas trabalhou de fato para conter despesas, o que Aidar promete realizar agora. A diretoria prepara um plano para ter uma solução financeira para o clube até o final do ano. Há, sim, um programa para reduzir custos, mas o principal é alavancar as receitas.
"Tem a bilheteria do estádio, a possibilidade de naming rigths do Morumbi. Há negociação de patrocínio em curso. Felizmente, há essas possibilidades no trabalho de reestruturação", afirmou Vieira de Abreu, admitindo, no entanto, que será um ano difícil.
Do lado de Juvenal, a antecipação de bilheteria sofre séria oposição com a alegação de que Aidar aumenta o problema para entregar os ingressos por 10 anos para a BWA, empresa que gerou muitos problemas nas vendas no Morumbi. A questão do naming rights é vista com descrença em um estádio com o nome consolidado como o Morumbi.
A alegação do grupo de Juvenal é: a dívida bancária existe, mas é administrável. Essa sempre foi a opinião do próprio Vieira de Abreu ao falar sobre os débitos.
Todas esses pontos serão postos na reunião marcada para 9 de fevereiro do Conselho Deliberativo quando há a promessa de novo embate entre situação e oposição do clube. Em uma acusação, ambos terão razão: endividar o clube.
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