CBF está atrasada em sete anos em controle das finanças dos clubes
Em meio à discussão da MP do Futebol, clubes e a CBF têm pregado que o sistema de fair play financeiro (para controle de contas dos clubes) deve ser feito pela confederação, sem a necessidade de uma lei. Só que a entidade está atrasada em pelo menos sete anos na implementação da fiscalização financeira dos times idealizada pela Fifa, e já em prática em três continentes.
A federação internacional de futebol criou um sistema de licenciamento de clubes em 2007 que deveria ser instalado por associações nacionais a partir do ano seguinte. Entre as medidas, os times só obteriam aval para jogar campeonatos nacionais se tivessem equacionado débitos com outros clubes, com jogadores ou com o governo federal. Haveria prazo para adaptação até 2011.
Um documento da Fifa de janeiro de 2015 mostrou que três confederações continentais já instalaram o controle de contas: a UEFA (Europa), a AFC (Asia) e a Concacaf (América Central, América do Norte e Caribe). Segundo a entidade máxima do futebol, está sendo trabalhado a instituição das regras na Conmebol (América do Sul), Oceania e CAF (Africa).
Desta forma a federação flexibilizou o que deveria ser obrigatório. Só que a CBF poderia ter implementado o licenciamento de clubes por conta própria dentro do âmbito nacional. Nunca tomou nenhuma atitude nesta direção. Agora, quando sai a legislação do governo, promete fazer alguma coisa.
"Neste momento, seria inócuo fazer qualquer coisa porque estamos no meio de uma discussão de legislação no Congresso", justificou o diretor financeiro da CBF, Rogério Caboclo. "O modelo tem que ser construído. Sabemos que temos um modelo satisfatório funcionando na UEFA."
O dirigente disse não sabe precisar quando deveria ser implantado o Fair Play financeiro – ele é diretor da CBF desde o ano passado. Mas afirmou que está muito próximo de sair o modelo de controle de contas brasileiro por impulso da Fifa. "Existem passos. É uma medida institucional importante", analisou.
Caboclo admitiu preocupação com os resultados apresentados pelos clubes em seus balanços financeiros fechados em abril. Reconheceu que os resultados não são bons, o que revela que as finanças dos times não estão saudáveis.
Lembre-se: as regras do governo são mais duras do que as da Fifa ao estabelecer déficit zero para os clubes após período de adaptação, e limite de 70% de gastos com futebol. Na UEFA, há um limite para déficit mais flexível em torno de € 5 milhões ao ano no futuro. Agora, aceita-se rombo de € 45 milhões.
Entre os 12 grandes clubes nacionais, o Flamengo foi o único que teve lucro operacional em 2014. Todos os outros gastaram mais do que arrecadaram.
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