Topo

Rodrigo Mattos

Será que Guerrero vale os milhões que pede?

rodrigomattos

24/05/2015 18h20

Não há dúvidas de que Paolo Guerrero é um jogador de nível técnico acima da média do atual futebol brasileiro, e um ídolo da torcida do Corinthians. Mas será que, independentemente da crise financeira do clube, ele vale os US$ 7 milhões (ou US$ 5 milhões) de luvas que pediu para atuar no time paulista, ou em outras equipes?

Seria fácil dizer que não se a análise fosse apenas em cima do jogo corintiano diante do Fluminense. O peruano perdeu um gol livre, sem que Diego Cavalieri estivesse debaixado das traves: chutou para fora. Na saída de campo, justificou que o gramado estava ruim e por isso a bola pegou em sua caneleira. Ainda que seja verdade, um craque teria corrigido o problema tal sua liberdade.

É injusto, porém, tirar uma conclusão por apenas uma tarde infeliz até porque foi a única bola que recebeu no jogo. Ao se estender a análise a toda a carreira dele no clube, fica claro que Guerrero não é um atacante de muito gols: a média é de 0,41 por jogo. Está muito abaixo de atacantes de primeiro nível como Romário e Ronaldo, que eram os mais bem pagos no país em outras épocas.

Os gols não são sua única contribuição. Sabe fazer um bom trabalho de pivô, e sair da área para jogar, o que ajuda muito o andamento das jogadas para seu time.

Não parece ser o suficiente, no entanto, para justificar os milhões pedidos e a disputa acirrada por sua contratações que se desenrola depois que o Corintihans ficou sem dinheiro para bancá-lo. A supervalorização de Guerrero tem uma relação direta com a penúria técnica que vive o futebol nacional: basta ver a qualidade técnica do jogo do Maracanã, quase sem chances de gol.

Estava em campo o vice líder do Brasileiro, que fez dois gols no campeonato até agora. Na tribuna do estádio, Rivellino bocejava após ser homenageado. Quanto valeria Rivellino no atual futebol brasileiro?

Sobre o Autor

Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.

Sobre o Blog

O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.