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Rodrigo Mattos

CBF exclui clubes de mudanças na eleição e mantém poder com federações

rodrigomattos

05/06/2015 06h00

Pressionado pelo escândalo da Fifa, o presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, prepara mudanças nas regras eleitorais da entidade em relação a seu possível substituto e à criação de uma limitação de apenas uma reeleição. As alterações propostas excluem os clubes da discussão, não mexem no colégio eleitoral, e tem acusação de irregularidade

Del Nero está sob suspeita de envolvimento nas acusações de suborno investigadas pelo FBI. Como reação, convocou uma assembléia administrativa, composta por federações estaduais, para a próxima quinta-feira quando serão discutidas reformas parciais no estatuto. Na segunda-feira, haverá um encontro com os clubes sem nenhum poder decisório.

"Convocaram, mas não sei qual a pauta. Não especificaram", explicou o presidente do Atlético-PR, Mario Celso Petraglia. A CBF informou que é para discutir regras de licenciamento de clubes e a MP do Futebol. Só que essas questões já foram tema de debate.

Em paralelo e feita sem alarde, há uma tentativa dos clubes de se unirem em um movimento para discutir questões comuns. Está previsto um encontro na segunda-feira, fora da CBF. Não existe ainda uma articulação de revolta contra a confederação, ou de fazer liga. Mas está claro que estão alijados da discussão de poder da confederação atualmente.

Ao mesmo tempo, as federações poderão mudar as regras do poder do futebol brasileiro. Entre as alterações propostas, estão a limitação de mandatos e o fim da regra que prevê que o vice mais velho assuma em caso de saída do presidente, além da substituição de José Maria Marin como vice do Sudeste.

"O presidente Marco Polo chamou os presidentes de federações para a assembleia para mudar o estatuto", defendeu o secretário-geral da CBF, Walter Feldman. "A limitação de mandatos já vinha sendo pensada antes." Alguma previsão de aumento do colégio eleitoral? "Não há isso."

Há um questionamento sobre a legalidade da reunião. Pelo estatuto da CBF, no artigo 40, cabe a todos os membros da presidência da confederação, vices e presidente, reunirem-se para convocar a assembléia geral para alterar o estatuto. Em encontro durante a semana, Del Nero ouviu os presidentes de federações e os vices Marcus Vicente e Gustavo Feijó, outros dois ficaram de fora.

Prejudicado pela nova regra, pois é o vice mais velho, Delfim Peixoto, da Federação Catarinense, não estava na reunião de convocação e afirmou que vai questionar a legalidade da assembléia: "É ilegal e imoral. Estão fazendo as outras mudanças como cortina de fumaça para trocar essa regra do vice", reclamou. Feldman rebateu: "Del Nero é o presidente e tem o poder executivo para convocar."

Em meio à discussão, os clubes são meros espectadores. Resta saber até quando aceitarão esta condição.

Sobre o Autor

Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.

Sobre o Blog

O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.