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Rodrigo Mattos

Com escândalo, parte dos lucros da Copa América irá para Justiça dos EUA

rodrigomattos

06/06/2015 06h00

Acordo de J. Hawilla para ressarcir Justiça dos EUA por propinas

Acordo de J. Hawilla para ressarcir Justiça dos EUA por propinas

Os lucros da Copa América-2015 e da Copa do Brasil obtidos pelo empresário José Hawilla terão de ser repassados para a Justiça dos EUA por conta do escândalo de corrupção de dirigentes da Fifa. É o que consta do acordo feito por ele com o judiciário norte-americano ao confessar crimes e se comprometer a ressarcir os lesados.

Investigação do Departamento de Justiça dos EUA mostra que Hawilla e outros executivos pagaram propinas de mais de US$ 150 milhões para dirigentes da Conmebol e da CBF como o vice-presidente José Maria Marin, preso. O objetivo foi conseguir contratos para exploração comercial da Copa América até 2023 e da Copa do Brasil até 2022 para a Traffic e outras companhias.

Com o esquema descoberto, Hawilla se comprometeu a pagar US$ 151 milhões (R$ 467 milhões) como ressarcimento referente a todos os lucros obtidos com esses contratos, segundo seu acordo com a Justiça americana. Uma parte disso pode ser quitada em dinheiro, e outra em venda de fatias do conglomerado Traffic nos EUA no Brasil.

Mas o acordo também prevê que qualquer "lucro adicional" recebido pela empresa ou por Hawilla pelos dois contratos deve ser direcionado para a Justiça norte-americana. A quitação de desse dinheiro extra deve ser feita até o dia da setença final dos acusados, a empresa e seu dono.

"Na medida que o acusado e/ou  a Traffic receberem lucros adicionais pelos contratos em vigor como definido na nota acima depois da data do acordo com o governo, o acusado deve pagar todo o montante equivalente desses lucros (os lucros adicionais de contratos em vigor) para a recompensa prevista no julgamento da terceira data (sentença)", afirma o texto do juiz Raymond Dearie.

Acordo de J. Hawilla mostra contratos que ele teve de devolver lucros

Acordo de J. Hawilla mostra contratos que ele teve de devolver lucros

Pelo acordo da Copa América, feito com a empresa Datisa, a Traffic tem direito a um terço dos lucros relacionados à venda de direitos de televisão e de marketing da competição. É provável que as outras duas empresas investigadas, uma delas a Full Play, sofram sanções similares quando as apurações sobre elas ficarem mais adiantadas.

No Brasil, a Traffic tem direito a parte dos lucros com patrocínio, direitos de marketing e de tv da Copa do Brasil, que também terão de ser repassados à Justiça dos EUA. Para garantir esse pagamento, o empresário terá de apresentar todos os seus documentos financeiros referentes às competições. Na prática, ele pagará muito mais do que os quase R$ 500 milhões iniciais.

Esse dinheiro ficará disponível nos EUA para que partes lesadas possam reivindicá-lo. No caso da Copa América, há a CBF, associações nacionais e a Conmebol. No caso da Copa do Brasil, a mesma confederação e os clubes brasileiros.Procurados, os advogados de José Hawilla não quiseram comentar o acordo.

Sobre o Autor

Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.

Sobre o Blog

O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.