Teixeira operou para tirar J. Hawilla da CBF para aumentar propinas
Ao final de sua gestão, o ex-presidente da CBF Ricardo Teixeira forçou a troca do contrato da Copa do Brasil para tirar José Hawilla e a Traffic, e substituí-los pela Klefer Produções. Com isso, ele obteve um novo acordo com aumento do pagamento de propinas para cartolas da confederação, segundo investigações dos EUA. Hawilla é réu confesso de pagar subornos nos processos norte-americanos.
Documentos obtidos pelo blog mostram como Teixeira operou para excluir a Traffic da Copa do Brasil ao final de 2011. Na época, ele já preparava sua saída da entidade porque sabia de denúncias de corrupção relacionadas ao seu nome na Fifa e no Brasil. E com isso passou a negociar novos acordos.
A parceria entre a empresa e a CBF vinha desde 1990. Renovado em 2009, o contrato dava todos os direitos de televisão, e placas publicitárias da Copa do Brasil masculina e feminina para a empresa até 2014 por R$ 55 milhões. As investigações norte-americanas mostram que Teixeira (chamado de conspirador) recebia propinas anuais de José Hawilla pelos acordos da competição nacional.
Mesmo assim, em 14 de dezembro de 2011, a confederação enviou uma notificação à Traffic dizendo que rescindiria os três contratos da competição. Sua alegação era de que a empresa tinha fechado acordo de patrocínio com a Kia Motors (que dava nome ao torneio) que era concorrente da Volkswagen, então patrocinadora da seleção. Isso feriria cláusulas do acordo, e permitia à confederação rompê-lo.
A CBF ainda atacava a Traffic por tê-la processado, como filiada da Conmebol, nos EUA por contratos relacionados à Copa América. Com isso, a confederação alegava que a empresa não tinha boa fé para justificar a rescisão.
No fundo, a manobra era fruto da irritação de Teixeira com Hawilla pois entendia que ele tinha lucros excessivos com a Copa do Brasil, segundo disseram pessoas próximas ao cartola. A relação entre os dois já estava estremecida há anos.
Em 28 de dezembro de 2011, a Traffic respondeu com outra notificação: argumentou que o acordo da Kia era anterior ao da Vokswagen em dez meses. E ainda lembrou que a CBF nunca reclamara da venda de patrocínio até aquele momento.
Mais, disse que o processo nos EUA movido pela Traffic norte-americana não tinha relação com a empresa brasileira. A firma de Hawilla ameaçou processar a CBF caso a entidade desse sequência a sua intenção de romper o contrato.
Esse impasse levou a uma disputa entre a Traffic e a Klefer. Em agosto de 2012, as duas partes chegaram a um acordo para dividir os lucros, de acordo com investigação dos EUA. Resultado: o contrato da Traffic da Copa do Brasil foi mantido até 2014, e depois foi substituída pela Klefer em 2015. Ambas as empresas dividiam os lucros no período de 2013 até 2022.
De acordo com autoridades dos EUA, a Klefer acertou novo acordo para pagar propinas para Teixeira, e a Traffic aceitou contribuir com metade. Depois, o sucessor na CBF, José Maria Marin, e outro alto dirigente da CBF não identificado entraram na divisão. Um total de R$ 2 milhões por ano eram pagos para os cartolas, diz o Departamento de Justiça. O valor do suborno aumentou com mais gente envolvida.
O blog ligou para o diretor jurídico da CBF, Carlos Eugênio Lopes, que estava na confederação na época, para falar sobre o assunto, mas ele alegou que estava em reunião. Dono da Klefer, Kléber Leite não retornou ligações. A assessoria de advogado de Hawilla, José Luis Oliveira Lima, informou que não poderia comentar o assunto porque o processo é sigiloso. Representantes de Teixeira se recusam a falar com jornalistas.
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