Vendida com subornos, Copa América vale 17 vezes menos do que Euro
Guilherme Palenzuela/UOL
Como revelado por autoridades dos EUA, a Copa América-2015 teve seus direitos de televisão e de marketing vendidos a empresas por meio de pagamento de propinas a cartolas. Não por acaso o valor obtido pela competição representa 17 vezes menos do que o ganho pela UEFA com a EURO com as mesmas propriedades. A seleção brasileira estreia neste domingo na edição chilena.
Claro, há de se ressalvar que a Europa tem uma moeda mais forte do que as da América do Sul, e países mais ricos. Além disso, a Copa América tem três edições em quatro anos, enquanto o continente europeu tem uma. Ainda assim, a diferença abissal só se explica por corrupção.
Documentos do Departamento de Justiça norte-americano mostram que a Datisa (empresa que reúne a Traffic, Full Play e Torneos) pagará US$ 75 milhões (R$ 236 milhões) à Conmebol pela atual Copa América. Esse valor cresce nas duas próximas edições. Pelos torneios de 2015, 2016 e 2019, a confederação continental receberá em torno de R$ 750 milhões no total.
Já a UEFA vendeu os direitos da EURO-2012 por € 1,151 bilhão (R$ 4,075 bilhões). Neste valor, estão só os direitos de televisão e de patrocínio. A entidade europeia ainda ganhou dinheiro com ingressos e pacotes de hospitalidade.
A entidade europeia faz a negociação dos direitos por meio de licitações diretas com as redes de televisão, o que rende em torno de R$ 3 bilhões só das televisões. Há participação de alguns parceiros, mas o controle é da UEFA.
Já a Conmebol repassa tudo a seus intermediários da Datisa, Traffic e Full Play. São eles que se comprometeram a pagar US$ 110 milhões (R$ 346 milhões) em propinas para os cartolas da Conmebol como os ex-presidentes Nicolás Leóz, Eugenio Figueredo, e o vice-presidente da CBF, José Maria Marin, entre outros.
Em seu documento, o Departamento de Justiça norte-americano deixa claro que as propinas criaram um sistema de concorrência injusto pelos direitos da Copa América, e lesaram entidades como a Conmebol e a confederação brasileira. Até agora nenhum dos cartolas das entidades fez nada para recuperar o dinheiro ou para romper e rever os contratos vigentes.
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