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Rodrigo Mattos

Vendida com subornos, Copa América vale 17 vezes menos do que Euro

rodrigomattos

14/06/2015 06h00

Guilherme Palenzuela/UOL

Nomes de empresas envolvidas em corrupção são escondidos em banners da Copa América

Nomes de empresas envolvidas em corrupção são escondidos em banners da Copa América

Como revelado por autoridades dos EUA, a Copa América-2015 teve seus direitos de televisão e de marketing vendidos a empresas por meio de pagamento de propinas a cartolas. Não por acaso o valor obtido pela competição representa 17 vezes menos do que o ganho pela UEFA com a EURO com as mesmas propriedades. A seleção brasileira estreia neste domingo na edição chilena.

Claro, há de se ressalvar que a Europa tem uma moeda mais forte do que as da América do Sul, e países mais ricos. Além disso, a Copa América tem três edições em quatro anos, enquanto o continente europeu tem uma. Ainda assim, a diferença abissal só se explica por corrupção.

Documentos do Departamento de Justiça norte-americano mostram que a Datisa (empresa que reúne a Traffic, Full Play e Torneos) pagará US$ 75 milhões (R$ 236 milhões) à Conmebol pela atual Copa América. Esse valor cresce nas duas próximas edições. Pelos torneios de 2015, 2016 e 2019, a confederação continental receberá em torno de R$ 750 milhões no total.

Já a UEFA  vendeu os direitos da EURO-2012 por € 1,151 bilhão (R$ 4,075 bilhões). Neste valor, estão só os direitos de televisão e de patrocínio. A entidade europeia ainda ganhou dinheiro com ingressos e pacotes de hospitalidade.

A entidade europeia faz a negociação dos direitos por meio de licitações diretas com as redes de televisão, o que rende em torno de R$ 3 bilhões só das televisões. Há participação de alguns parceiros, mas o controle é da UEFA.

Já a Conmebol repassa tudo a seus intermediários da Datisa, Traffic e Full Play. São eles que se comprometeram a pagar US$ 110 milhões (R$ 346 milhões) em propinas para os cartolas da Conmebol como os ex-presidentes Nicolás Leóz, Eugenio Figueredo, e o vice-presidente da CBF, José Maria Marin, entre outros.

Em seu documento, o Departamento de Justiça norte-americano deixa claro que as propinas criaram um sistema de concorrência injusto pelos direitos da Copa América, e lesaram entidades como a Conmebol e a confederação brasileira. Até agora nenhum dos cartolas das entidades fez nada para recuperar o dinheiro ou para romper e rever os contratos vigentes.

Sobre o Autor

Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.

Sobre o Blog

O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.