Futebol brasileiro transforma prisão de Marin em novo 'apagão'
A manhã do dia 27 de maio ensaiava-se como uma revolução no futebol brasileiro: o vice-presidente da CBF José Maria Marin era preso por acusação de corrupção relacionada a contratos da entidade. Quase 20 dias depois, não houve nenhuma alteração significativa na estrutura do esporte nacional, nem há sinalização ou proposta que indique um caminho diferente a não ser que venha do FBI. Mais ou menos como a reação aos 7 a 1 sofridos para a Alemanha, na Copa-2014.
O período foi marcado por reuniões do presidente da confederação, Marco Polo Del Nero, com clubes e federações. Seu objetivo: assegurar apoio para se manter no poder apesar de sua ligação estreita com Marin, e das suspeitas que recaem sobre ele.
Aos clubes, deu apenas o poder sobre a fórmula do Brasileiro. Com isso, matou qualquer tentativa de se criar uma liga, como era pensado por alguns dirigentes. Saíram todos satisfeitos.
Às federações, deu uma limitação de uma reeleição no estatuto que não terá nenhum efeito para ele, e fez reformas de perfumaria. Aos parlamentes, deu explicações genéricas e negou todos os dados requisitados (seu sigilo bancário, contratos da CBF, valores de comissões, etc).
Os acordos obtidos com propina ou feitos com empresas suspeitas estão todos aí em vigor. Nenhum dirigente de clube questionou a sério a CBF pelo contrato da Copa do Brasil que seus times jogam e que foi obtido com subornos, segundo autoridades norte-americana. Conformam-se com as cotas baixas enquanto conspiradores ganham milhões no exterior.
Nesta segunda-feira, os clubes se aliaram à confederação para lançar um movimento nos bastidores para destruir a MP do Futebol. A lei se propunha a criar regras para melhorar a gestão dos times em troca de refinanciamento de dívidas.
É direito dos cartolas da confederação e dos times discordarem de pontos da MP proposta pelo governo. E, sim, poderiam sugerir mudanças e tentar chegar a um consenso. Mas a proposta deles é claramente para radicalizar e inviabilizar qualquer acordo, pois é inaceitável para o governo.
Ao final desses 20 dias, a impressão que nossos dirigentes nos passam é que todos os males do futebol brasileiro estavam concentrados no preso Marin, ou que ele era um fenômeno isolado. Parafraseando o ex-técnico da seleção Luiz Felipe Scolari após o vexame para a Alemanha, o vice da CBF deve ter sofrido um "apagão" na hora que aceitou os subornos.
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