Brasileiro perde jogadores na janela, e cai número de contratações de fora
A janela de transferências do meio do ano voltou a ser um fator de enfraquecimento dos times do Brasileiro: há a saída de jogadores importantes de times da Série A, e são poucos os reforços de fora. Isso se explica pela péssima situação financeira dos clubes, pela crise econômica (dólar em alta) e pela proibição de investidores nos direitos de jogadores.
Até agora o São Paulo sofreu um desmanche com a saída de quatro atletas relevantes para o exterior. O Santos perdeu Robinho. O Corinthians ficou sem Petros e Fábio Santos. Os dois garotos do Fluminense Kennedy e Gerson são assediados por europeus e um deles deve sair. O Atlético-MG viu Guilherme ir para o México. Valdivia deixou o Palmeiras pelo mundo árabe.
Enquanto isso, números da CBF mostram que 2015 foi o ano em que o Brasil menos repatriou jogadores nos últimos cinco anos. Até 16 de junho, foram 422 atletas. No ano passado, foram 445, o que já representava uma queda em relação aos cerca de 500 dos três anos anteriores.
"Há uma devastação. O fluxo no Brasil é de venda. Não dá nem para comparar. A janela abriu e nenhum clube comprou ninguém de fora", analisou o advogado especializado em direito esportivo Marcos Motta, que atua nesta área de transferência.
Ele vê um aumento da saída de atletas em relação ao meio de 2014 quando a Copa atrapalhou o mercado. Além disso, com o vexame diante da Alemanha, dirigentes dizem que após o Mundial caiu a procura por atletas brasileiros. Agora, a queda na Copa América não parece ter afetado o êxodo.
"Se você for ver, os clubes que eram os maiores compradores, Atlético-MG, Corinthians, e São Paulo estão endividados", acrescentou Motta. "Sem investidores, essa é a realidade nua e crua dos clubes."
Análise similar foi feita pelo advogado Eduardo Carlezzo, que atua também na área de transferências. "A crise bateu, e bateu forte", reforçou ele, que lembrou que as saídas dos jogadores aconteceram já no final de junho e o cenário pode se agravar durante julho. "Há países com dinheiro como Emirados Arabes, China e até o próprio México que estão com janelas abertas", explicou.
Ao site da CBF, o diretor do Departamento de Registro da entidade, Reynaldo Buzzoni, atribuiu a queda das contratações das equipes brasileiras ao fim dos investidores, à crise econômica e ao dólar em alta, além da necessidade de os clubes adequarem gastos às receitas.
De fato, dados da Fifa mostram que chineses e mexicanos, ao contrário do Brasil, têm investimento crescente em contratações. Depois de alguns anos repatriando atletas, o Brasil voltou a ser um mero exportador, e isso deve durar um tempo.
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