'Autorização' à Primeira Liga veio de torcedores nos estádios e da lei

A mudança de posição da CBF e da Ferj (Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro) em relação à Primeira Liga tem relação direta com a força demonstrada pelos clubes. Bancaram a competição e levaram 55 mil torcedores para os estádios contra o boicote da confederação. São os torcedores e a lei brasileira que, de fato, "autorizaram" a liga.

A legalidade dos 15 clubes organizarem um campeonato por conta própria não é alvo de discussão ao contrário do que pensava a CBF. A Lei Pelé permite aos times, e a Justiça já reconheceu esse direito de fazer competições sem interferência da confederação na discussão da Liga do Nordeste.

Mas as ameaças e boicotes da confederação e da federação colocavam os clubes na berlinda, e prejudicavam a credibilidade do torneio. Poderiam os times serem punidos com a desfiliação? A Fifa iria interferir no caso?

Ora, a estratégia dos clubes de botarem suas equipes em campo superou esse discurso de medo. Os torcedores ficaram ao lado de seus times como provaram os 30 mil atleticanos no Mineirão. Como ignorar que o principal motor do futebol pendia na balança em favor da liga?

Enfraquecida, a CBF percebeu que não teria mais como deter o torneio. Ao recuar, ela entrega os anéis para não perder os dedos. Tenta controlar uma revolução dos clubes ao assumir para si o torneio. A questão é que, agora, os dirigentes de clubes perceberam quem tem o poder de fato. E isso muda todas as discussões a partir de agora.

Os 15 clubes que enfrentaram a CBF e venceram: América-MG, Atlético-MG, Cruzeiro, Flamengo, Fluminense, Atlético-PR, Coritiba, Paraná, Avaí, Joinville, Chapecoense, Criciúma, Figueirense, Grêmio e Internacional.