Por que o dinheiro não traz felicidade para os mais ricos Palmeiras e Fla
Pelas contas de 2015, Flamengo e Palmeiras apresentam as maiores receitas do Brasil, o que deve se confirmar quando outros times publicarem seus balanços. Foram dos que mais investiram em contratações para 2016. Iniciada a temporada, os dois times capengam nas tabelas dos campeonatos com atuações abaixo da crítica. Qual a explicação?
Primeiro, vamos analisar os dados financeiros dos dois clubes individualmente. O Flamengo fechou o ano com receita de R$ 355,6 milhões. Mas, no ano passado, gastou R$ 93,8 milhões com salários e contratos de terceiros (direitos de imagem) no futebol. Esse valor é inferior ao de 2014 que era de R$ 101,1 milhões. Mas, no orçamento para 2016, a previsão é de cerca de R$ 110 milhões.
"Pode ter havido uma redução pequena (em 2015), mas teve esse aumento para 2016", ressaltou o vice de Finanças do Flamengo, Claudio Pracownik. "Mas temos que lembrar que há o passado também", disse, em referência a dívidas com atletas anteriores.
Ou seja, o investimento percentual do Flamengo está bem abaixo dos outros clubes, mas isso tem explicação no passivo de herança. Desde que assumiu, há três anos, Eduardo Bandeira de Mello tem priorizado o pagamento de dívida: a intenção é acabar 2016 com a proporção um por um ano em relação à receita, o que seria um ponto de equilíbrio.
Não é o caso do Palmeiras. De início, o presidente palmeirense, Paulo Nobre, pegou um time sem elenco e com receitas adiantadas. Injetou mais de R$ 150 milhões de capital próprio para equilibrar as contas, e manteve os gastos limitados. Mas, a partir de 2015, o Palmeiras explodiu as receitas: fechou de 2015 com R$ 350,7 milhões. E gastou quase tudo. Mais, ainda se endividou em R$ 80 milhões para investir mais.
O gasto com futebol chegou a R$ 278,7 milhões no ano passado, mas isso inclui toda a operação, não apenas salários e direitos de imagem. Para comparar, toda a operação do clube (futebol e social) do Flamengo é de R$ 212 milhões, bem inferior. Só para 2016 o Palmeiras gastou em torno de R$ 30 milhões em contratações, e seu elenco inchado resulta em uma folha salarial bem maior do que a rubro-negra.
"Se a gente volta dois meses, quando estávamos na pré-temporada, eu diria que grande parte da opinião pública colocava o Palmeiras como favorito no Campeonato Paulista", disse o presidente Paulo Nobre, na segunda-feira, em coletiva. Mas por que o investimento até agora não vingou?
Questionado por um diagnóstico pelo blog pela assessoria, a diretoria do Palmeiras não respondeu. O diretor Alexandre Mattos já disse várias vezes que seria preciso montar um elenco do zero em 2015. Só que a gestão de Nobre virou uma roda gigante de atletas e técnicos: foram cerca de 70 contratados. Já fechou com seis treinadores nos três anos e três meses de gestão.
Neste caso, o caso palmeirense se assemelha ao rubro-negro. Com Muricy Ramalho, o time tem nove treinadores em 3 anos e três meses. O clube fez contratações caras como Marcelo Cirino e Paolo Guerrero. Para 2016, foram nomes como Cuellar e Mancuello, em um total que também chegou próximo dos R$ 30 milhões.
Só que ainda está sendo montada uma base e uma estrutura de CT, o que clubes como Atlético-MG e Corinthians já tinham e o rubro-negro, não. Questionado sobre o motivo do dinheiro não refletir em campo, Bandeira de Mello foi curto: "Questão de tempo".
O tempo é, sem dúvida, um fator. Mas está longe de ser a explicação completa em dois times com diretores de futebol bem remunerados e badalados, seguidos técnicos de renome, e dinheiro para contratações ainda que com limites. Em três anos e meio, Flamengo e Palmeiras conquistaram duas Copas do Brasil e um Estadual, mas estiveram longe do topo do Brasileiro, principal medição de qualidade. Resta saber se o tempo será suficiente para transformar o dinheiro em felicidade para rubro-negros e palmeirenses.
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