Perdida, CBF parece clube grande em campanha de rebaixamento
Pense nos grandes clubes brasileiros que sofreram rebaixamentos. Em geral, há crises institucionais que colocam em xeque a diretoria do time. Sem rumo, e muitas vezes sem dinheiro, dirigentes dessas equipes têm dificuldade de tomar decisões no futebol. À deriva, jogadores e técnicos costumam ser afetados e sucumbem ao ambiente com campanhas que levam à Série B.
Excluídos os problemas financeiros, que não existem, esse roteiro se repete na CBF atual que tenta lidar com a má fase da seleção brasileira. A confederação foi atingida por um escândalo de corrupção em que seus três últimos presidentes são acusados de levar propina. O atual mandatário, Marco Polo Del Nero, teve que pedir licença diante da avalanche de denúncias. Resultado: assumiu o Coronel Nunes, alçado ao cargo por ser mais o velho dirigente de federação e incapaz de articular pensamentos complexos.
É com esta composição de sua cúpula que a entidade tem que tomar decisões sobre o técnico da seleção, Dunga. Sob seu comando, o time brasileiro ocupa a sexta posição nas eliminatórias e corre o risco de ficar fora da Copa-2018. Uma catástrofe similar a um rebaixamento de um time grande.
Como há um vácuo de poder, dirigentes próximos ao alto escalão da CBF mandaram um emissário para sondar o técnico Tite, como revelou o jornalista Martín Fernandez, no Globo.com. Receberam um negativa. Não chegava a ser uma rejeição oficial porque não houve convite. Ao mesmo tempo, o ex-treinador do Chile Jorge Sampaoli deu uma verificada se havia vaga no time brasileiro. Lembra aqueles conselheiros de clubes sondando técnicos em meio à crise, e empresários oferecendo nomes a cartolas desesperados.
Aparentemente, a diretoria da CBF só quer trocar se for Tite. Ora, o mesmo técnico corintiano foi rejeitado em 2014 quando estava louco por receber um convite da confederação. Na época, optou-se por Dunga com palpite do ex-presidente Ricardo Teixeira que o havia demitido em 2010. Por que agora Tite vale à pena? São só os resultados?
Dunga e Tite têm estilo bem diferentes, um aposta no discurso da raça, envolvimento com seleção, e o outro tem tentado montar times compactos e modernos. Há até similaridade entre os trabalhos de Tite e Sampaoli, já que suas equipes jogam em faixas de campo reduzida e privilegiam posse de bola. O argentino gosta de atuar mais no campo do rival do que o brasileiro. Na análise dos candidatos, a CBF não parece ter um rumo futebolístico a seguir: reage ao clamor popular.
Quem seria na confederação o responsável por determinar o rumo do seu departamento de futebol? Seria o coordenador Gilmar Rinaldi que atrelou sua imagem a de Dunga, e que se diz "feliz" com os resultados até agora? Então, não há nada a trocar?
O problema não é haver dúvidas na CBF: seriam aceitáveis se fossem para entender o futebol moderno mundial, procurar novos rumos. Mas a questão parece ser simplesmente de achar um novo salvador para aliviar o couro dos cartolas. Tal qual um daqueles times grandes que contratam um técnico a três rodadas do fim do Brasileiro para ver se escapam da Série B.
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