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Rodrigo Mattos

Odebrecht deve R$ 92 milhões ao Rio por Maracanã, mas contrato é revisto

rodrigomattos

27/05/2016 06h00

De saída do estádio, a Odebrecht deve R$ 92 milhões ao Estado do Rio pela concessão do Maracanã. A questão é que esse valor pode ser revisto: o governo estadual admitiu que a construtora foi prejudicada pelo contrato atual entre as partes. Assim, o acordo deve ser alterado na negociação da saída da entidade, o que deve implicar em mudança nas contas.

O balanço financeiro do Complexo Maracanã Entreterimento S.A. registra a dívida de R$ 91,9 milhões referente à outorga "ao poder concedente". Esse valor está no passivo circulante, o que significa que teria de ser quitado em prazo maior do que dois anos.

Essa é só uma parte dos compromissos da empresa que tem um total de R$ 263 milhões em dívida líquida. É um resultado dos seguidos prejuízos em um ano e meio de operação. Por isso, a empresa decidiu por demitir sua equipe e encerrar a operação do estádio.

Antes disso, no meio de 2015, a Odebrecht já tinha pedido um reequilíbrio financeiro alegando ter sido prejudicada pelas mudanças no projeto: manutenções do Parque Julio Delamare, do Complexo Célio de Barros e de outras instalações. As negociações se prolongaram, e o Estado já aceitava que um número menor de obras teria de ser feito: o valor cairia de R$ 500 milhões para R$ 140 milhões.

Mas o balanço do Maracanã registra que, em 31 de março de 2016, "a companhia recebeu um ofício da secretaria de Estado da Casa Civil, na qual a entidade reconhece o desequilíbrio econômico financeiro do contrato". Ou seja, admitiu que tem de dar melhores condições à construtora.

Questionados pelo blog, o governo do Estado e a Odebrecht se recusaram a dar informações sobre o tamanho da dívida, ou sobre o ofício do Rio em que reconhece desequilíbrio contratual. A assessoria de ambos se limitou a dizer que as negociações sobre o reequilíbrio do contrato continuam em curso.

Lembrança: embora tenha levado prejuízo na operação do Maracanã, a Odebrecht faturou ao participar do consórcio que realizou a obra de reforma por R$ 1,2 bilhão. Delações de executivos da Andrade Gutierrez, parceira da construtora no projeto, indicam que houve pagamento de propina para o ex-governador do Rio Sérgio Cabral pela obra. Ele nega.

Sobre o Autor

Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.

Sobre o Blog

O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.