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Rodrigo Mattos

Futebol não é justo: o destino escolheu Ronaldo para decidir a Liga

rodrigomattos

28/05/2016 19h12

Nas mãos de Simeone, o Atletico de Madrid encontrou uma forma de lutar de igual para igual contra times superiores tecnicamente, mais ricos, como Real Madrid, Barcelona, e Bayern de Munique. Desclassificou dois deles, igualou o jogo na final, e se esforçou mais do que o rival. E perdeu em um pênalti na trave.

Do outro lado, Cristiano Ronaldo foi um jogador excepcional, de novo, em toda a Liga dos Campeões. Mais uma vez, chegou baleado à final e praticamente não jogou. A ponto de deixar sobrecarregado Bale que puxou os ataques só. O erro de Juanfran na cobrança de pênalti lhe deu, no entanto, a bola do jogo. O destino, o acaso, deu a ele o chute final do título.

Futebol não tem nada a ver com justiça. Sim, é preciso ter méritos para montar um time que seja campeão da mais importante competições de clubes atual. Mas há momentos em que o acaso toma o lugar da lógica para decidir a partida.

Verdade que nesta final poderia ter ganho qualquer um dos dois times tal o equilíbrio. De início, o Real era dominante com seu meio de campo formado por Kroos, Modric e Casemiro. Sim, Casemiro foi, neste sábado, talvez o maior jogador do Real. No meio de gigantes, corrigiu erros do time, acertou quase tudo.

O gol saiu de forma ilegal com Sergio Ramos, aquele que sempre faz gols decisivos e completou um cruzamento de Kroos com desvio de Bale.

E o Atletico teria de sair do seu formato habitual de aproveitar o contra-ataque. Soube se adaptar. Iniciado o segundo tempo, o time de Simeone era superior e criou três chances em 15min, jogando à frente, pressionando o rival. Chegou a perder um pênalti mal marcado nos pés de Griezman.

Até que chegou ao gol com o toque de Carrasco no cruzamento de Juanfran. Uma cena épica em que ele foi beijar sua namorada ao lado do campo. E a torcida do Atletico cantava, assim como seus jogadores corriam mais do que os rivais. A maré parecia ter virado.

O jogo foi para a prorrogação igual, com o Real tentando superar suas limitações físicas. E assim chegou ao final dos 120 minutos para ser decidido nas penalidades, com jogadores cansados, com cãibras.

As cobranças foram bem executadas, inclusive a de Griezman. Menos a última do Atletico, a de Juanfran. E aí chegou a vez de Ronaldo, aquele que quase não falha. Seu chute final transformou Zidane, um técnico estreante, em campeão na sua primeira liga enquanto Simeone perde pela segunda vez após três anos de trabalho.

O Real Madrid ganhou pela 11a vez porque é um time, com méritos e escolhido pelo destino. O futebol é um resumo da vida, onde, às vezes, não interessa quanto você acerte: um só erro pode decidir tudo.

Sobre o Autor

Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.

Sobre o Blog

O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.