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Rodrigo Mattos

Um gol roubado não exime os muitos erros de Dunga

rodrigomattos

13/06/2016 00h54

Sim, a seleção brasileira foi eliminada da Copa América por um gol irregular de mão do Peru. Isso não exime o time de não ter exibido qualquer fiapo de futebol na competição. Basta dizer que o Brasil conseguiu ser eliminado na primeira fase em um grupo em que disputava com Peru, Haiti e Equador.

A verdade é que o erro de arbitragem não serve de defesa para o técnico Dunga. A verdade é que a seleção só conseguiu fazer gol no Haiti nesta Copa América, passando em branco contra Equador e Peru. A verdade é que aqueles que viram evolução no time exaltavam um toque de bola estéril dois anos depois de o treinador assumir a equipe.

Diante do Peru, o Brasil foi uma repetição do que se viu na era Dunga. Algumas trocas de bola, alguns raríssimos lances incisivos. Basta dizer que foram 12 conclusões a gol diante do Peru, a maioria de longe, a maioria sem perigo. No segundo tempo, não houve nenhum lance de gol claro para a seleção.

Na primeira etapa, houve algumas ameaças para o gol peruano – lembremos uma das piores nas eliminatórias da América da Sul. Houve ali duas ou três chances de gol. Pouco, pouquíssimo para uma seleção brasileira.

No geral, o que se via era um time sem nenhuma ideia de como pressionar o rival. Isso se acentuou no segundo tempo. Acomodado com a ideia da classificação à segunda fase, o Brasil quase abdicou do ataque, ou foi incapaz de reagir ao avanço do Peru ainda que dentro de suas limitações.

Até que neste jogo tedioso surgiu o gol de Ruidíaz com a mão. A arbitragem discutiu durante um bom tempo, com microfones na mão, para decidir se era gol ou não. Acabou validando o gol ilegal.

Prejudicado, o Brasil seguiu sem ideia de como pressionar o Peru. As possibilidades de gol continuaram escassas. Mas a culpa, segundo Dunga, é do juiz.

A CBF não tem um presidente nos EUA para reclamar do erro de arbitragem na Copa América. A CBF não tem um técnico de verdade no banco. A CBF, hoje, não tem a mínima ideia do que fazer com a seleção.

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Sobre o Autor

Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.

Sobre o Blog

O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.