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Rodrigo Mattos

Tragédia da Chape expõe via-crúcis de times em viajar pela América do Sul

rodrigomattos

01/12/2016 05h00

A investigação em torno do acidente do avião da Chapecoense indica a precariedade da empresa aérea Lamia, fretada para fazer o voo da Bolívia até a Colômbia. A opção pela companhia é explicada pelas condições difíceis dos times nacionais em viajar pelo continente. Conexões longas e complicadas, regras de restrição ou preços altos são rotina para os clubes brasileiros na disputa da Libertadores e Sul-Americana.

O blog apurou nos últimos dias com dirigentes de times que relatam os empecilhos que enfrentam a cada etapa que avançam nos campeonatos. Tanto que há empresas que foram criadas só para tentar auxiliar os times a realizar as viagens. Vamos conta-los em seguida:

Conexões ruins para certos países 

Quando os times brasileiros têm que ir para países mais ao Norte da América do Sul, as conexões muitas vezes são feitas no Panamá. Ou seja, um time do Sul, por exemplo, teria de pegar um voo para São Paulo, depois para o Panamá e depois de volta para a Colômbia ou Venezuela. Isso implicaria em um dia de viagem para uma distância de cerca de seis horas.

Falta de companhias de fretamento no país infla preço 

São poucas companhias com aviões de tamanho médio com 100 lugares como a Lamia. Para fretar aviões no país para voos ao exterior, os dirigentes costumam ter de fretar um avião da Gol ou da Tam. Como têm que tirar um aeronave de linha, cobram valores bem mais altos. Há estimativas entre US$ 150 mil e US$ 200 mil. Dentro do Brasil, para distâncias similares, é possível fretar por valores a partir de R$ 100 mil.

Regras restritivas de aluguel de aeronaves

A Anac proíbe que sejam fretados aviões que não sejam do Brasil ou do destino final. É uma regra comercial comum que se pratica em outros países. Com isso, os clubes ficam restritos ao uso de aviões dos caros aviões do Brasil ou aos do outro país.

Condições climáticas na linha do Equador 

Os voos para os países do Sul do continente são tidos como tranquilos por dirigentes. Mas, nas proximidades da linha do Equador, são comuns os relatos de turbulências, além de aeroportos problemáticos. A maioria que viaja muito já passou por uma situação difícil ou outra.

Estratégia

Para escapar de todos esses empecilhos, os grandes clubes têm duas táticas. O bloqueio de passagens aéreas com bastante antecedência para garantir, e aceitar o pagamento de valores mais altos para fretar os aviões brasileiros.

Sobre o Autor

Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.

Sobre o Blog

O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.