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Rodrigo Mattos

'Alguns atletas abriram mão de dinheiro para jogar na Chape', diz Mancini

rodrigomattos

20/12/2016 15h09

A Chapecoense tem que montar um elenco em um mês após perder quase seu grupo inteiro na queda do avião que levava o time para a final da Sul-Americana. Neste cenário excepcional, o clube tem encontrado reações distintas no mundo do futebol: rivais que ajudam, outros que esquecem a promessa de auxílio e jogadores que abrem mão de dinheiro para participar do projeto. É o que contou o técnico do time catarinense, Vágner Mancini, em entrevista ao blog em Assunção, local do sorteio da Libertadores.

Para seduzir os atletas, ele e o diretor de futebol da Chapecoense, Rui Costa, têm usado o fato de o time catarinense estar na Libertadores e ter ganhado uma repercussão mundial não vista anteriormente. Há hoje 10 jogadores com contratações encaminhadas, mas isso não significa certeza no mundo do futebol. Ou seja, Mancini trabalha para ter um elenco só em janeiro.

Blog: Quais as dificuldades que vocês têm com outros clubes nesta relação após a prometida ajuda? Que você possa falar de forma genérica…

Vágner Mancini: Não sou eu que faço esses contatos, então, é difícil falar sobre isso. Mas pelo que eu sei, há uma certa dificuldade porque a gente entende que do outro lado há uma pessoa remunerada que tem que cuidar dos interesses dos clubes. Então, não é simplesmente achar que todo mundo vai ajudar. Mas quem estiver efetivamente disposto a ajudar que ajude. E não que nos trate como mais um clube no mercado.

Blog: E nas conversas com os jogadores? É mais fácil atrair jogadores para a Chapecoense hoje?

Mancini: É até estranho falar sobre isso. Mas a gente sente quando falar com os atletas uma disposição, uma vontade de fazer parte de um time que vai ser reconstruindo. Quando você toca alguns seres-humanos pela parte humana, pela parte motivacional, alguns se diferem de outros que pensam só na parte futebolística. Alguns atletas têm se manifestado, sim. Abriram mão de algumas coisas para jogar na Chapecoense. Atletas que vão chegar para reconstruir o clube.

Blog: Quando você diz abriram mão, você quer dizer abriram mão de dinheiro?

Mancini: Sim, às vezes de parte financeira.

Blog: Vocês jogam com essa motivação de jogar na Chapecoense neste momento?

Mancini: Lógico que quando você tenta convencer um atleta você tenta seduzi-lo. É a Libertadores, é a Recopa, é a Sul-Americana. É o fato de a Chapecoense ser um time que paga rigorosamente em dia. O fato de um time que vem melhorando a cada ano que passo. Isso tudo acaba atraindo. O jogador não quer ir para um time onde não vai receber, onde a estrutura não é boa. Talvez em uma dimensão menor do que os outros clubes,

Blog: Mas vocês falam também sobre o fato de que vão jogar com o Barcelona, que vão ter exposição maior?

Mancini: Sim, a gente fala sobre isso. Um torneio diante do Barcelona, viagens internacionais, um torneio no Japão. Jogar a Libertadores faz com que o jogador veja a Chapecoense de uma forma diferente.

Blog: Você falou que tem encaminhado 10 jogadores, mas é cedo. Quando que você acha que terá um elenco?

Mancini: Um elenco vamos ter ao logo do mês de janeiro. Hoje nós já temos alguns atletas apalavrados. É difícil falar em números porque números mudam a cada dia. O que estava muito encaminhado ontem hoje já não tem mais chance porque outros clubes se manifestam no mercado. Espero que no início do ano já tenha uma equipe para botar em campo. Lembrando que a Chapecoense tem 17 atletas do sub-20 que estarão prontos para nos ajudar.

Blog: Como você vai fazer para montar um time? Por que falamos de um elenco, mas e o time imediato?

Mancini: Exatamente. Será uma dificuldade porque você não terá tempo para isso. Ao mesmo tempo, você vai ter atletas que vieram exatamente para isso. Esses atletas tendo lastro dentro do futebol vão fazer o possível para que rapidamente estejam em condições.

 

Sobre o Autor

Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.

Sobre o Blog

O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.