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Rodrigo Mattos

Com queda de renda, Corinthians não recebe recurso para manter arena

rodrigomattos

09/02/2017 04h00

O Corinthians não recebeu nenhum dos pagamentos mensais previstos para operar a sua arena em 2016 porque houve queda de arrecadação brusca do estádio. A informação consta em documentos do fundo do equipamento. Com a falta de repasses, o clube teve de bancar com os próprios recursos um total que pode chegar a R$ 15 milhões.

Pelo contrato entre Corinthians e fundo, o clube deveria receber um contraprestação de R$ 30 milhões para a operação da arena por ano de 2014 a 2016. Para se chegar a esse valor, é preciso calcular 20% da receita estimada para esses anos que era R$ 150 milhões em 2016. Desse total, seriam deduzidos os valores para pagar despesas como água, luz, gás, esgoto.

Fontes envolvidas com o negócio dizem que sobraria em torno de metade, isto é, R$ 15 milhões por ano. Isso inclui despesas como a equipe de funcionários da arena, manutenção do gramado e elevadores, entre outros itens. É isso que o Corinthians tem que bancar com recurso próprio.

Essa situação ocorreu porque as receitas do estádio em 2016 caíram em relação a 2015. No ano do título brasileiro, a bilheteria foi de R$ 73,8 milhões. No ano passado – embora não exista uma conta fechada-, a estimativa é de que o montante fique entre R$ 55 milhões e R$ 57 milhões. Com isso, não houve recursos para pagar o clube.

No contrato, há uma previsão de que pelo menos fosse paga um contraprestação mínima ao clube de R$ 500 mil mensais para quitar suas despesas. Dados de dentro do clube dizem que nem isso foi repassado ao Corinthians. O dinheiro foi apenas suficiente para pagar o financiamento do BNDES (ou melhor os juros dele) e as outras despesas que seriam descontadas.

Pior, para 2017, a regra contratual tem condições mais desfavoráveis. Até 2016 o cálculo era feito por meio da receita estimada. Agora, o clube terá direito a 20% da receita média dos anos de 2015 e 2016. Ou seja, isso vai girar em torno de R$ 13 milhões por ano, menos da metade da contraprestação atual.

Esses termos devem ser renegociados durante a reforma do acordo de financiamento com a Caixa Econômica Federal, que intermedeia o empréstimo do BNDES. Mas, por enquanto, ainda estão válidos esses pontos. Isso significa que o Corinthians está há 14 meses sem receber o dinheiro para operar o estádio.

Em resumo, essa penúria deve-se ao acordo comercial assinado pelo clube que previa receitas líquida com o estádio de até R$ 112 milhões até 2017. A renda bruta da arena não deve chegar à metade disso. O blog tentou contato com o vice-presidente de finanças do Corinthians, Emerson Piovezan, e o reponsável pela operação da arena, Lucio Blanco, mas ambos não responderam aos contatos.

Sobre o Autor

Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.

Sobre o Blog

O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.