Por que a Primeira Liga é criticada por seus times apesar de aumentar renda
Projeto de união de clubes em 2016, a Primeira Liga enfrenta ataques de seus próprios clubes filiados e o esvaziamento por times reservas. Isso ocorre justamente no ano que os ganhos com televisão quintuplicaram com um contrato com a Globo, e houve boa média de público nos jogos iniciais. Para a cúpula da liga, o aperto do calendário é a principal explicação para a contradição entre as duas realidades.
A Chapecoense chegou a ter dois jogos no mesmo contando a liga e o Catarinense, que teve alteração de data. O técnico do Fluminense, Abel Braga, alegou que não entendia a Primeira Liga, e defendeu prioridade ao Estadual. O Grêmio chegou a mandar um time de reservas que nem contava com o comando do técnico Renado Gaúcho para enfrentar o Flamengo.
"Botar time reserva ou dar declarações é uma coisa de cada clube que não cabe a mim falar. Mas qualquer dinheiro para a liga é para os clubes. Não temos uma estrutura pesada. Todo mundo acaba prejudicado com essas situações", contou o executivo da liga, José Rodrigo Sabino.
A explicação da primeira liga é de que o calendário de 2017 muito mexido do futebol brasileiro acabou resultando em uma primeira fase com jogos apertados em poucos espaços. Isso gerou a escalação de reservas e as reclamações.
"É difícil isolar a liga do futebol brasileiro. O calendário ficou muito apertado. Tivemos as mudanças das competições sul-americanas, um Estadual com 20 datas como o Catarinense, a tragédia da Chapecoense que impactou o calendário. Não é para justificar, mas é a realidade", afirmou José Rodrigo Sabino.
Ao mesmo tempo, a Primeira Liga tornou-se um campeonato mais rico do que no ano passado. O valor do contrato de televisão saltou de R$ 5 milhões para R$ 23 milhões. Houve venda de placas superior ao ano passado. A Globo aposta no torneio e tem tido boas audiência tanto que incluiu o campeonato no pay-per-view.
Em relação ao público, a primeira rodada acabou com uma média em torno de 12 mil pessoas, com o clássico entre Atlético-MG e Cruzeiro como melhor público da temporada. O Flamengo também teve público acima de 20 mil no Mané Garrincha. Mas, ao mesmo tempo, a rodada desconjuntada deixa um time com apenas um jogo enquanto um outro fará o terceiro.
A cúpula da liga espera que, com os mata-matas, a competição engrene e saia do aperto do calendário. Os obstáculos, no entanto, ainda são bem grandes. Ainda mais se pensarmos que para a temporada de 2018 haverá uma Copa do Mundo, o que tornará o calendário ainda mais complicado.
Ao mesmo tempo, os prêmios para o campeão chegam a R$ 2,5 milhões, somados a cota fixa da maioria dos times grandes isso pode lhes dar R$ 4 milhões no total. Isso representa mais do que Estaduais como o Catarinense e Paranaense. É menos do que Estaduais como o Gaúcho, o Carioca e o Mineiro, que, no entanto, têm mais datas.
É com esses números que a Primeira Liga aposta para perdurar nos próximos anos apesar da descrença de alguns dos times filiados. Até porque o plano de enfrentar a CBF e realizar um Nacional, pelo menos no momento, está bem distante.
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