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Rodrigo Mattos

Rodrigo Caio mostra caráter raro nos campos brasileiros

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17/04/2017 04h00

Era primeiro tempo de São Paulo e Corinthians quando Jô foi pressionar a saída do goleiro Rena Ribeiro, protegido por Rodrigo Caio. O atacante corintiano não cometeu falta, mas o são-paulino foi atingido e caiu. De forma equivocada, o árbitro Luis Flávio Oliveira deu cartão amarelo a Jô.

Foi a vez de Rodrigo Caio se dirigir ao juiz e avisar que ele atingira seu próprio goleiro. Avisado, o árbitro anulou o amarelo que tiraria Jô da segunda partida da semifinal entre os times. O são-paulino abriu mão de uma vantagem em prol da falar a verdade.

Não é comum no futebol brasileiro, reflexo de uma sociedade em que levar vantagem é um hábito arraigado entre nós. Só em 2017 podemos lembrar de Keno apontando Gabriel de forma equivocada para que ele levasse um cartão injusto no Corinthians e Palmeiras. Ou recordar de Nenê pedindo pênalti em bola que bateu na barriga de Renê, no Flamengo e Vasco.

Estão longe de ser exceções em um ambiente em que os jogadores brasileiros constantemente simulam faltas inexistentes, gritam com o juiz para pressionar por marcações e até exageram agressões para pedir a expulsão de rivais. Parece que isso se aprendem na escolhinhas de futebol nacional. Na verdade, é ensinado por um meio social de moral distorcido, esse aí que vimos exposto nesta última semana na política.

Esse tipo de comportamento dos jogadores é nocivo em vários aspectos: dá a ideia ao cidadão de que vale tudo para seu time vencer, induz o árbitro a diversos erros que podem ser decisivos e cria um cenário no jogo em que a bola tem menos importância do que o mimimi.

Existe atitude similar em campeonatos europeus? Sim, há simulações e alguma pressão ao juiz. Mas em um nível bem menor do que o que ocorreu no Brasil. Isso se estende a fora do campo onde qualquer erro de árbitro – e são muitos no país admitamos – leva a questionamentos destemperados de dirigentes.

Ao final do jogo, questionado sobre sua atitude, Rodrigo Caio foi sucinto: "Fiz nada, fiz só o que tinha que fazer". O país seria bem melhor se as pessoas simplesmente fizessem o que têm que fazer. Que o seu exemplo sirva ao menos para o futebol.

Sobre o Autor

Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.

Sobre o Blog

O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.