Final mostra que Fla-Flu muda a cada jogo
Não esqueçamos que a última decisão entre Flamengo e Fluminense há 22 anos terminou com a vitória do time tido como mais fraco na época: o tricolor de Renato Gaúcho era franco atirador. Repetia-se ali uma regra que marcou o clássico com resultados surpreendentes desde a sua primeira edição.
O primeiro jogo da final o Estadual de 2017 não foi diferente. O Flamengo é o elenco mais forte do Rio de Janeiro neste momento, mas tinha sido dominado pelo Fluminense na Taça Guanabara. Um esquema de pontas velozes de Abel Braga tinha tornado o rubro-negro vulnerável e a vitória veio nos pênaltis. Daí surgiu uma presunção natural de que o jogo tricolor parecia se encaixar melhor ao do rival.
Mas o Flamengo apresentou um tal domínio no primeiro tempo da decisão que nem pareciam os mesmos times. Isso se deve em parte a uma percepção do técnico do técnico Zé Ricardo dos pontos fortes tricolores, e da maior experiência e variedade do elenco rubro-negro.
O Flamengo entrou com dois ponteiros abertos que sabem voltar e dobram a marcação nos seus setores (Everton e Berríon), somados a três jogadores (Márcio Araújo, Arão e Rômulo) que dão presença e toque de bola no meio. O resultado foi um domínio no campo de ataque no primeiro tempo e o bloqueio da jogada forte tricolor com Wellington Silva e Richarlisson pelos lados. Sem Scarpa, o Flu penava.
Somado a isso, Guerrero tinha mais uma atuação de ótimo nível em que consertava e centralizava todas as bolas perdidas rubro-negras, transformando-as em ataques reais. Assim, melhorava todo o time do Fla. A falha de Renato Chaves e o gol de Éverton foram consequências da superioridade rubro-negra que sufocava o rival. Poderia ter sido mais.
O segundo tempo teve um Fluminense bem mais presente no ataque, mas ainda sem saber se livrar do bloqueio a seus ponteiros. Richarlison é tão bom que às vezes escapava da sua marcação. Mas a defesa rubro-negra esteve melhor do que na Libertadores, inclusive com um preciso Rafael Vaz. A pressão tricolor durou 20min, mas não foi tão efetiva a ponto de empatar o jogo. O perigo era quase igual aos contra-ataques rubro-negros.
A superioridade tática tricolor da final da Taça Guanabara sumiu no Maracanã. O que se via era um elenco mais forte do Flamengo, bem postado, que soube superar de forma mais eficiente a falta de seu craque Diego do que o Flu a de Scarpa.
Há a certeza de que o Flamengo vai de novo se impor na segunda partida da final e ser campeão Estadual? Obviamente que não. Se um clássico já tem mudanças de rumo constantes, imagine um Fla-Flu de eternas reviravoltas. A Libertadores para os rubro-negros no meio de semana, a velocidade dos jovens tricolores e insondáveis fatores podem mudar tudo em um Fla-Flu. Certeza só de que a vantagem é rubro-negra.
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