Como a política agressiva de Trump pode afetar a Copa
Um grupo de seis países do Oriente Médio anunciou um boicote ao Qatar por supostas ligações com terrorismo o que gerou uma série de problemas logísticos à nação. A medida atinge a sede da Copa-2022 escolhida pela Fifa e já cercada de controvérsia. E tem o dedo do presidente Donald Trump cuja política externa agressiva já ameaça afetar edições futuras do Mundial.
O boicote da Arábia Saudita, Bahrein, Egito, Emirados Árabes, Iêmen e Líbia tem como suposto motivo o financiamento a movimentos islâmicos radicais. "Durante minha recente viagem ao Oriente Médio, eu disse que não pode mais haver financiamento de redes ideológicas", afirmou Trump no Twitter, nesta terça-feira. "Os líderes apontaram o Qatar."
A medida é controversa visto que a própria Arábia Saudita é acusada de ligações com movimentos radicais e parece ter o objetivo de atingir o Irã, mais próximo do Qatar. Mas há, sim, dados que apontam ligações do reino qatariano com grupos radicais como Hamas, exércitos na Síria, além de partido político no Egito.
De qualquer maneira, o boicote gerou uma reação em cadeia que vai afetar voos regulares, o abastecimento de alimentos e o livre fluxo de trabalhadores para o Qatar que tem um pequeno território. Dados do "Financial Times" apontam que isso pode impactar na capacidade do país de organizar a Copa-2022 se o fechamento das fronteiras com esses países for mantido por longo prazo.
Questionada pelo blog sobre o boicote, a Fifa informou apenas que "está em contato regular com o Comitê Organizador do Qatar-2022 e o Supremo Comitê de Entrega e legado ligando com assuntos sobre a Copa-2022". E não respondeu as perguntas sobre os problemas logísticos.
Já é a segunda vez este ano que a política de Trump afeta a Copa do Mundo. Em abril, EUA, México e Canadá anunciaram uma candidatura conjunta para serem sede da Copa-2026. Essa postulação tem diversas implicações com a administração Trump que manifestou apoio à tentativa de receber o Mundial.
Primeiro, o presidente da federação norte-americana de futebol, Sunil Gulati, disse que a candidatura considerava o cenário internacional, demonstrando união entre os países. "Levando em conta o que tem acontecido no mundo, especialmente nos EUA, os assuntos que estamos enfrentando, uma candidatura com o México e Canadá é um grande plus", contou ele à "Sports Illustrated".
Trump promete construir um muro na fronteira com o México, mas seu departamento de Estado manifestou apoio à candidatura. Há, no entanto, questionamentos sobre como funcionará a política de vistos para delegações e torcedores visto que o presidente americano quer impor restrições a cidadãos de países como Irã.
A Copa não será em sua administração, mas será negociada nela e votada até 2020. E a Fifa só aceitará dar o Mundial se tiver garantias de visto a países participantes. Gulati disse que isso será negociado no futuro com a administração Trump.
O jornalista Grant Wahl, da "Sports Illustrated", indicou que a inclusão do México e Canadá serviria justamente como alternativa de abrigar jogos de países que possam ter problemas com visto nos EUA. Mas, se esses países avançarem no Mundial, os norte-americanos serão obrigados a dar garantias de que vão recebe-los.
Outra questão é que, com Trump na Casa Branca, aumenta a antipatia com os EUA, o que pode gerar travas à candidatura na votação na assembleia da Fifa. Isso será minimizado porque a tendência é de uma candidatura única, apenas com possibilidade de um adversário da África, que seria mais fraco. Como de hábito, a Fifa se mantém em silêncio até agora sobre os potenciais problemas.
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