Morte deve invalidar delação que gerou caso Fifa, mas efeito será restrito
A morte de Chuck Blazer, ex-cartola norte-americano da cúpula do futebol mundial, deve invalidar seu testemunho no caso Fifa. Sua colaboração foi a primeira e deu origem a toda a investigação do processo por suborno de cerca de 30 dirigentes e executivos no maior escândalo do futebol. Mas a anulação não afeta a maior parte do processo já que a maioria dos cartolas confessaram culpa, e foram obtidas diversas provas documentais.
Blazer era membro do Comitê Executivo da Fifa até 2012 e foi pego por fraude ao imposto de renda nos EUA. Pressionado pelas autoridades norte-americanas, aceitou usar um gravador, fazer uma delação e apresentar provas contra colegas da Fifa.
Em 2013, ele deu um depoimento sigiloso e explosivo à Justiça. Nele, admitia ter recebido dinheiro para vender seu voto nas escolhas das Copas de 1998 e 2010, negociação irregular de ingressos dos Mundiais de 1994 e 2002, além do recebimento de comissões pelos contratos da Concacaf (confederação da América do Sul e do Norte).
Seu depoimento levou à procuradoria norte-americana ao empresário brasileiro José Hawila, dono da Traffic, que denunciou uma série de cartolas, incluindo os brasileiros José Maria Marin, Ricardo Teixeira e Marco Polo Del Nero, ex-presidentes e presidente da CBF, todos acusados de receber subornos e lavagem de dinheiro. Teixeira e Del Nero nunca responderam ao processo porque não saem do Brasil.
Outros dirigentes da América do Sul e da América Central entraram na lista. Do total de cartolas, a maioria se declarou culpada entre os que foram aos EUA, com exceção de Marin, Juan Angel Napout (ex-presidente da Conmebol) e Manuel Burga (do Peru). Além disso, a procuradoria obteve diversos documentos de todas as partes para embasar suas acusações.
O depoimento de Blazer, ponto inicial do processo, tornou-se uma peça secundária. Mas advogados envolvidos no processo informaram que ele será invalidado. Isso porque, para um testemunho valer para outros acusados, ele tem que ser feito em juízo com a possibilidade de advogados de outros acusados fazerem perguntas.
Não será possível já que Blazer morreu nesta quarta-feira, de câncer no reto, antes de ser julgado. Seu julgamento seria em novembro de 2017. Ele já estava doente quando depôs diante do juiz Raymond Dearie, em 2013.
O único caso que deve ser comprometido era o de compra de votos das sedes da Copa-1998 e de 2010. Nesse, outro envolvido era o então presidente da Concacaf Jack Warner, aliado de Blazer por anos. No depoimento, o norte-americano afirmou que ambos venderam seus votos nos dois processos para o Marrocos e África do Sul.
Nas acusações contra Warner, já não constam a venda de votos da escolha da Copa. Mas consta casos de corrupção relacionados à reeleição de Joseph Blatter em 2011 para a presidência da Fifa. Chuck Blazer foi um dos que denunciou o uso de dinheiro na campanha do opositor de Blatter, Mohamed Bin Hamman.
É possível dizer então que o fato de o depoimento ser invalidado não terá grande efeito no processo inteiro. Se a morte de Blazer tivesse ocorrido alguns anos antes, no entanto, vários cartolas poderiam ter se livrado das acusações.
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