Bota avança na Libertadores com segundo menor gasto entre brasileiros
Com Bernardo Gentile
Classificado às quartas-de-final da Libertadores, o Botafogo tem o segundo menor investimento em futebol entre os times brasileiros na competição sul-americana, só à frente da Chapecoense. Eliminados, Flamengo e Palmeiras devem gastar entre três e quatro vezes mais com futebol do que os alvinegros em 2017. Para compensar, o clube aposta em manutenção de técnico e futebol solidário.
O levantamento do blog foi feito em cima de orçamentos e demonstrações contábeis das oito equipes brasileiras na Libertadores. O orçamento do Botafogo prevê uma receita de R$ 190 milhões, com despesas com o futebol em torno em R$ 99 milhões. Só pode investir metade por conta do excesso de dívidas já que tem o maior débito do país entre os grandes.
"Continuamos em situação de vulnerabilidade. A situação fiscal e trabalhista estão equacionadas. Mas as cíveis continuam a ter penhoras. É muito mais fácil ter queda de orçamento pelas penhora do que aumento de receita", contou o presidente do clube, Carlos Eduardo Pereira. "A gestão do futebol do clube é com muita austeridade. Não há folga."
Em comparação, o orçamento do Flamengo foi revisto para R$ 600 milhões em 2017, com a venda de Vinicius Jr. Pela arrecadação do primeiro trimestre, o Palmeiras poderia chegar a esse valor também. A projeção do gasto com futebol não é precisa, mas pelo ritmo atual poderia atingir até R$ 400 milhões nos dois casos. Ressalte-se que ambos gastam dentro do que podem.
Classificados às quartas, Santos e Grêmio também têm mais receitas e gastos do que os botafoguenses. O Atlético-PR tem um patamar de receita parecido com o Botafogo, mas menos dívidas e, por isso, maior capacidade de investir. Eliminado, o Galo tinha um orçamento com previsão de mais de R$ 300 milhões em receitas.
"Não adianta ficar chateado. Não somos favoritos. Temos o 12o orçamento do Brasil. Compensamos com trabalho", afirmou o técnico Jair Ventura.
Um dos méritos para compensar é trocar pouco de técnico. Na atual gestão, em dois anos e meio, houve duas mudanças. Só René Simões foi demitido, já que Ricardo Gomes quis sair para o São Paulo, na ocasião em que Jair assumiu o time.
Em relação ao elenco, não há a mesma estabilidade até pelos problemas financeiros. Da temporada 2016, saíram Sidão, Diogo Barbosa e Neílton, que eram titulares. Neste ano, as duas estrelas do time, Camilo e Montillo, também já não estão mais no elenco, nem o centroavante Sassá. Perguntado como fazer para compensar a desvantagem financeira, Pereira é sucinto:
"Qualidade do trabalho. Alguns jogadores estão conosco desde 2015. É um futebol solidário sem estrelas e com a competência do técnico", analisou. "Tem que ter um Norte. Não dá para ir ficando para leste e oeste, trocando tudo. É um caminho traçado."
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