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Rodrigo Mattos

Como novo torneio pode prejudicar sul-americanos e favorecer europeus

rodrigomattos

17/08/2017 12h00

O calendário de jogos internacionais após a Copa-2018 não é promissor para a seleção brasileira e para sul-americanos. Pelo contrário, seus dados indicam fortalecimentos dos rivais europeus com partidas mais competitivas, e menos jogos relevantes para o Brasil e outros países sul-americanos. Um dos motivos é a recém-criada Copa das Nações na Europa que já gera desconforto em cartolas de outros continentes.

O comando da seleção brasileira, no entanto, entende que o impacto da competição não será tão grande para o país, e que ainda haverá chance de enfrentar grandes seleções. Só ressalta que será preciso mais programação para encaixar jogos contra os principais times do velho continente.

Com as inovações de UEFA e Fifa, o calendário depois da Copa tem a característica de ter vários jogos competitivos para os europeus, e um cenário incerto para os sul-americanos. Além da Euro, suas eliminatórias e o classificatório da Copa, os europeus terão a Copa das Nações.

O novo torneio terá sua primeira fase em datas de amistosos já no segundo semestre de 2018. Em seguida, no meio de 2019, haverá playoffs com semifinais e finais. As equipes serão separadas em quatro divisões, com 12 times em cada uma, e rebaixamento e ascensão. A Liga A determinará o campeão da Copa das Nações. Quando o torneio acabar, já terão se iniciado as eliminatórias da Euro e depois da Copa.

"Certamente haverá menos jogos amistosos internacional e indubitavelmente menos amistosos sem sentido. Mas ainda haverá espaço para jogos amistosos internacionais – particularmente jogos de aquecimento para as finais dos torneios. A UEFA ainda espera que os times europeus tenham a chance de jogar com oponentes de outras confederações", afirmou a UEFA sobre a competição. A entidade entende que seus times top ainda poderão jogar contra outros continentes.

Mas cartolas do Conselho da Conmebol estão preocupados que os europeus só joguem entre si, e fiquem mais fortes. Por isso, há um movimento para levar a questão à Fifa para discutir seu impacto. O objetivo é juntar dirigentes de outros continentes para conversar com a federação internacional.

Na América do Sul, ainda não há decisão de como serão as eliminatórias para Copa depois que o continente passou a ter 6,5 vagas para 10 país. A pergunta é se ainda faz sentido um classificatório nessas condições.

O coordenador técnico da seleção Edu Gaspar reconhece que Copa das Nações é melhor para os europeus. Mas não vê a seleção prejudicada em termos de obter partidas competitivas.

"Ainda existe a possibilidade de podermos disputar amistosos. Os times da Liga A e B (os mais fortes) vão ter agenda porque a Liga das Nações ocupa uma data, e tem outra para amistoso", analisou Edu. "Não muda praticamente nada para nós. A gente só tem que se organizar previamente, o que já estamos fazendo."

Ele reconhece que reduz em uma data a cada dupla a possibilidade de amistoso com europeu, mas lembrou que o Brasil pode jogar com outras confederações. Sobre a possibilidade de os europeus terem mais competições, ele entende que há vantagens e desvantagens.

"De um lado, sem dúvida mais competição fortalece o time. Mas nós teremos a Copa América e as eliminatórias com adversários super fortes. Não vejo como prejuízo do ponto de vista técnico", observou Edu, que gostou do modelo da Copa das Nações.

Uma das prioridades da comissão técnica de Tite era realizar amistosos com europeu nesta reta final para a Copa-2018. Já tem o jogo marcado com a Alemanha no próximo ano e uma possibilidade de enfrentar a Inglaterra no final do ano. Em relação às eliminatórias sul-americanas, Edu aprova o aumento de vagas porque cresce a possiblidade de classificação.

Certo é que, depois da Copa-2018, o cenário de jogos de europeus e sul-americanos será diferente e as seleções terão de se adaptar à nova realidade.

Sobre o Autor

Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.

Sobre o Blog

O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.