MPF investiga saques na conta do COB e se Nuzman enriqueceu com Jogos
Com Léo Burlá
Após realizar buscas e apreensões em sua residência, a Polícia Federal e o Ministério Público Federal vão investigar saques feitos na conta do COB em espécie sob a presidência de Carlos Arthur Nuzman, descoberto na operação "Unfair Play". Além disso, querem verificar se ele enriqueceu com os Jogos. Isso fará parte do escopo da apuração em torno da compra de votos para a cidade se tornar sede da Olimpíada.
O caso se iniciou com autoridades francesas que encontraram pagamentos de US$ 2 milhões feitos pelo empresário carioca Arthur Soares, o "Rei Arthur", para o filho de Lamine Diack, ex-membro do COI, que votou no Rio. Isso ocorreu às vésperas da eleição do Rio, em 2009.
Soares é ligado ao ex-governador do Rio Sérgio Cabral e pagou propina para ele de US$ 10 milhões por meio da empresa Matlock, em Antígua e Barbuda, no Caribe, segundo o MPF. Com a mesma empresa, pagou Diack. Por isso, a propina é considerado dinheiro público na visão dos procuradores.
Assim, Nuzman é investigado por suposta associação criminosa já que há a suspeita de que intermediou uma negociação de pagamento de propina. A tese do MPF é de que ele é a ligação entre empresários e cartolas. Por isso, foi impedido de sair do país com passaporte apreendido.
Ao mesmo tempo, o MPF vai analisar se houve ganho pessoal para Nuzman na operação e nos Jogos-2016. Um dos itens investigados é o fato de terem ocorrido saques em dinheiro de contas do COB no valor de R$ 1,4 milhão entre 2014 e 2015. Foram saques abaixo do limite verificado pelo COAF. O comitê tem como principal fonte de financiamento dinheiro público por meio da Lei Piva, e do Ministério do Esporte.
Segundo o procurador Eduardo El Hage, será verificado se há relação entre os saques e a compra de votos. Outro viés é o fato de o dinheiro do COB ser público. "Ele pode responder por associação criminosa", afirmou a procuradora Fabiana Schneider. "Tudo isso será investigado."
Um computador e documentos da casa de Nuzman foram apreendidos pela PF, além de documentos no COB. O dinheiro em sua casa (R$ 480 mil) foi levado para custódia em um banco, assim como os carros ficarão com Nuzman como fiel depositário, mas não podem ser vendidos. A polícia quer saber a origem do dinheiro para saber se é lícita. Ter dinheiro em casa não é crime desde que se possa provar a origem.
Antes do depoimento de seu cliente, o advogado de Nuzman, Sergio Mazzilo, afirmou que o dirigente não cometeu nenhuma ilegalidade, e afirmou desconhecer as acusações. Ainda classificou a operação como um espetáculo de mídia. À PF, Nuzman ficou calado em seu depoimento. Mas TV Globo informou que seu advogado reforçou que foi informado à polícia que não houve irregularidade na escolha do Rio de Janeiro.
Já o COB não se pronunciou até agora sobre as investigações.
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