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Rodrigo Mattos

Globo quer validade de contrato da Copa América sob suspeita de propina

rodrigomattos

17/11/2017 04h00

Com Jaime Cimino

A Globo defende como válido um contrato de direitos da Copa América do Brasil-2019 apesar de suspeitas sobre como esse foi obtido após depoimentos relatando propinas na Justiça dos EUA. O depoimento do ex-executivo da Torneos Alejandro Burzado indicou que esse acordo foi fruto de subornos. A Conmebol rompeu a maior parte dos contratos desta época há cerca de uma semana alegando irregularidades.

Em seu depoimento, Burzaco explicou a renegociação sobre os direitos de transmissão da Copa América ocorrida durante a Copa da África do Sul, em 2010. Havia uma disputa sobre o controle das próximas edições da competição entre a Traffic e a Full Play.

Foi alinhavado um acordo entre dirigentes sul-americanos e executivos com previsão de pagamento de US$ 15 milhões em propinas para os cartolas. Mas, para ser válido, dependia de aval dos dois mais poderosos na Conmebol, Julio Grondona (da AFA) e Ricardo Teixeira (da CBF). O argentino informou a Burzaco que Teixeira iria decidir as condições. E, segundo Burzaco, o então presidente da CBF impôs duas exigências:

"Um, neste momento a primeira edição com contrato da Full Play seria em 2015, e que no contrato de 2011 que existia e a edição de 2011 que ocorreria um ano depois da África do Sul, continuaria a incluir o contrato Conmebol Traffic, isto é, que a Traffic iria finalizar a edição de 2011. E a segunda condição era conseguir apoio da Globo e conseguir para a Globo um contrato de longo prazo para o território brasileiro dos direitos da Copa América", afirmou o Burzaco.

Em seguida, ele relata que fechou um acordo, de fato, em que foi incluído um contato para a Torneos para direitos da Argentina, e outro para a Globo. "Em outras palavras, as condições de obter os direitos para a Torneos para a Argentina e Globo para o Brasil foram preenchidas e os pagamentos de propina então começaram", completou Burzaco, em depoimento. Ou seja, segundo seu relato, o contrato da Globo para Copa América foi obtido em um contexto de negociação de propina.

Na semana passada, a Conmebol anunciou o rompimento dos contratos da Copa América com a Datisa, empresa que tinha como sócios Torneos, Full Play e Traffic, e concentrara os direitos da competição. Sua intenção é fazer novamente a venda de todos os contratos de televisão. Mas, desde o primeiro semestre de 2017, a Globo apresentou um contrato próprio com a Conmebol pela Copa América que a entidade sequer tinha conhecimento. Não havia cópia na sede da confederação sul-americana.

Consultada, a Globo confirmou que tem um contrato em vigor em relação direta com a Conmebol.

"Sim, temos um contrato em vigor com a Conmebol para a Copa América-2019. O contrato foi assinado direto com a Conmebol, que depois repassou os direitos e obrigações para a Datisa, mas manteve-se solidária no cumprimento das obrigações perante a Globo. Não chegamos a assinar contrato com a Datisa. O nosso contrato com a Conmebol está válido e não temos conhecimento de qualquer propina", afirmou Pedro Garcia, diretor de Negócios do Esporte do Grupo Globo, por meio da assessoria de imprensa.

 

 

Sobre o Autor

Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.

Sobre o Blog

O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.