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Rodrigo Mattos

Sorteio indica futuros perrengues da Copa da Rússia

rodrigomattos

03/12/2017 04h00

Com Pedro Lopes

Tal qual ocorreu no Brasil o sorteio da Copa-2018 serviu para mostrar as dificuldades que delegações e torcedores enfrentarão na Rússia. E não tem nada a ver com a temperatura abaixo de zero em Moscou que não será a mesma no período do Mundial. Tratam-se de questões ligadas à língua, aos serviços, à burocracia aos grandes deslocamentos, e até a certa paranoia com segurança.

Primeiro, é preciso que se diga que a Rússia tem, como o Brasil, muito a oferecer: um país culturalmente rico, com marcos históricos, uma cultura de futebol consolidada e um povo hospitaleiro.

Mas há uma barreira na interação com os turistas: a língua. A maioria das pessoas em Moscou não fala inglês. Era um problema comum no Brasil. Mas este se agrava na Rússia porque quase todas as sinalizações são escritas no alfabeto cirílico, o que torna bem complicado, por exemplo, andar de metrô em Moscou. O mesmo vale para achar endereços na cidade.

Serviços de táxis estão longe do ideal em Moscou, com preços altos, e muitas vezes negociações abusivas com os taxistas. Mais uma vez, um ponto em comum com certas cidades brasileiras, mas, na Rússia, o problema é disseminado.

Outra questão é em relação aos serviços do Comitê Organizador da Copa. No sorteio, a internet se mostrou falha em boa parte do tempo, o que é incomum nos eventos da Fifa. Houve sérios problemas de credenciamento por conta de burocracia. Alguns participantes do evento demoraram 24 horas para receber suas identificações por simples problemas nos nomes.

Para o torcedor, haverá uma facilidade para identificação com a criação da Fan ID para quem comprar ingresso – é identidade da Fifa. Mas, ao mesmo tempo, ainda será obrigatório o registro de dados em hotéis pelos turistas como de hábito na Rússia.

Em meio a isso, mais um obstáculo é gerado pelo excesso de zelo do governo russo com as questões de segurança. Ressalte-se que a Rússia sofre bem mais ameaçadas do que o Brasil, pois tem relações conflituosas com grupos extremistas. Por isso, foram colocados detectores de metais em estações de trem e metrô e nas portas de hotéis, além de lugares habituais como aeroporto. Para se entrar no Kremlin, local do sorteio, uma pessoa credenciada podia ser checada quatro ou cinco vezes.

Um outro ponto são os grandes deslocamentos entre cidades. Esses chegam a até 2500 km, levemente menores do que no Brasil. Assim como no país da Copa-2014, nem sempre haverá voos diretos, e o torcedor que quiser acompanhar seu time terá de fazer um planeamento extra. Houve reformas de 13 aeroportos para facilitar a vida do vianjante.

Em relação às construções de estádio, um problema no Brasil, há menor preocupação. Ainda há um estádio em Samara por entregar, o que deve ocorrer até abril segundo o governo. Mas as obras estão mais adiantadas do que no caso brasileiro.

"Desde o começo, a Rússia tem levado isso bem responsabilidade. A preparação da Copa tem o nível mais alto do governo. Milhões de pessoas participaram do trabalho em relação à Copa, municipalidades, governos e outros têm trabalhado. Temos garantido de que tudo isso vai funcionar", afirmou o ministro do Esporte, Vitaly Mutko, durante esta semana de sorteio.

Ressalte-se que, no Brasil, o sorteio da Copa feito em Salvador também indicou vários problemas na organização, como os estádios atrasados, o calor… Pois bem, as operações de Copa foram bem sucedidas no país, com exceções da invasão de chilenos no Maracanã. Mas, para isso, foi preciso solucionar questões na véspera do Mundial.

PS Esse texto tratou de questões de logísticas e operação, sem entrar em outras preocupações em relação à Rússia como homofobia e racismo.

Sobre o Autor

Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.

Sobre o Blog

O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.