CBF tinha em caixa valor suficiente para pagar 12 anos de árbitro de vídeo
Em seu último relatório financeiro, do final de 2016, a CBF informou que tinha em caixa um valor que seria suficiente para pagar 12 anos do sistema de árbitro de vídeo no Brasileiro da Série A. A entidade alega que não pode investir no projeto por falta de fontes de recursos e por questões de compliance (governança corporativa). A mesma confederação se recusa a informar quanto tem atualmente guardado no banco.
Na segunda-feira, os clubes reprovaram o árbitro de vídeo no Brasileiro da Série A em seu Conselho Técnico. O principal argumento foi o custo que seria de R$ 500 mil por clube para o segundo turno – daria R$ 1 milhão para todo o campeonato.
Segundo a CBF, o árbitro de vídeo custaria entre R$ 40 mil e R$ 50 mil por jogo. Na conta total, isso daria um valor entre R$ 15 milhões e R$ 19 milhões. Arredondando, a confederação estimava em R$ 20 milhões para cobrir tudo.
"A CBF tem uma série de medidas de compliance atualmente. Não dá para simplesmente pegar o dinheiro e pagar", afirmou o presidente da Comissão de Arbitragem da CBF, Marcos Marinho, ao blog.
Em entrevista à ESPN, o secretário-geral da CBF, Walter Feldman defendeu a decisão: "Não, não acho (que a CBF tem que pagar pelo sistema). Imagino que a ESPN também deve ter. Hoje em dia a CBF tem sistema de governança, de auditoria, de conselho fiscal. Nenhuma despesa pode ser realizada sem a devida fonte de financiamento. Não há fonte de financiamento da CBF para nenhum custo adicional. CBF sem nenhuma participação financeira no Brasileirão já gasta bem mais de R$ 10 milhões sem ter nenhuma contrapartida de receita."
Pois bem, ao final de 2016, a CBF somava em seu caixa um total de R$ 245,3 milhões. A maior parte estava em aplicações financeiras em bancos. O blog pediu a confederação o número atualizado até o final de 2017, mas sua assessoria informou que não daria o dado. (Lembrança: o diretor-executivo da CBF, Rogério Caboclo, pediu transparência aos clubes também em seus dados financeiros). No ano passado, a CBF já resistia a investir o dinheiro no sistema de árbitro de vídeo apesar das sobras financeiras.
O valor do caixa da CBF tem subido ano a ano. Nos anos de 2015 e 2016, a confederação acumulou R$ 120 milhões extras de caixa. É possível que tenha havido variação de caixa em 2017, mas nada significativo para abalar as reservas da entidade pois não houve despesas extras. Houve apenas maior custo com comissão técnica da seleção após a contratação de Tite.
Até porque a receita da entidade se mantém acima da casa de R$ 500 milhões, com lucro. Em competições, a confederação investe em torno de 15% do total, sendo o restante destinado a seleções, salários, administração, advogados, etc. Foram apenas R$ 3,8 milhões para a Série A em 2016. No ano passado, o valor não está disponível.
Ao explicar os altos custos do árbitro de vídeo, Marinho contou que o sistema ainda está em seu início de implantação. "São poucas empresas que fazem e cobram mais. Foram ouvidas três empresas", disse ele sobre o levantamento de orçamento.
Na Europa, esse custo é bem mais baixo, como mostrado pelo UOL, e a justificativa seria a necessidade de maior infraestrutura no Brasil. "Tem que instalar um sistema em cada um dos estádios. A Globo apenas distribui as imagens", contou Marinho.
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