Com parcela maior, Corinthians não tem recurso para pagar arena em 2018
A parcela da dívida pela arena a ser paga pelo Corinthians vai subir ao valor integral a partir de março, segundo acordo assinado com a Caixa Econômica Federal. Com isso, o clube não tem recurso suficiente gerado pelo estádio para quitar a mensalidade durante todo o ano de 2018. Por isso, a diretoria corintiana tenta agilizar a negociação de um novo acordo com o banco federal que seria a quarta modificação ao financiamento.
Corinthians, Odebrecht e Caixa Econômica Federal sustentam que atualmente a operação do empréstimo está adimplente, isto é, em dia com suas obrigações. Por isso, tentam derrubar decisão da Justiça Federal do Rio Grande do Sul de mandar que clube e empreiteira paguem todo o valor da dívida: em torno de R$ 475 milhões.
Pois bem, Corinthians e Caixa assinaram o terceiro aditivo dos contratos entre as partes em outubro de 2017, como mostram documentos da Arena Itaquera e do fundo do estádio. Além de ter quitado quatro meses atrasados anteriores, o clube sempre informou que havia um alívio provisório com parcelas reduzidas apenas dos juros, em um total de R$ 2,5 milhões, durante um período que iria até março ou abril. A partir daí, haveria nova renegociação.
A questão é que o acordo, na realidade, tem termos definitivos e válidos. A partir de março, a parcela deixa de ser reduzida e volta a ser no valor integral de pouco menos de R$ 5 milhões, segundo apurou o blog. Mais: acrescenta-se a esse valor tudo que deixou de ser pago durante esse período em que a parcela foi reduzida, dividido pelas mensalidades restantes. A Caixa ainda não informou o novo valor que passaria a vencer em 15 de março.
O problema é que as rendas da arena são insuficientes para pagar R$ 60 milhões por ano do financiamento. Divulgado neste mês, o relatório financeiro do fundo da arena do segundo semestre de 2017 foi de sobra de R$ 24 milhões, receitas descontadas despesas e impostos. Mas, no primeiro semestre, houve prejuízo em torno de R$ 300 mil. Não é possível ter uma noção de todo 2017 pois o relatório anual não está consolidado e há variantes.
Estima-se que a receita de bilheteria, que é a principal, ficará acima de R$ 60 milhões brutos, sem descontos das despesas. Há ainda receitas de estacionamento, camarotes e aluguéis para outros eventos.
Duas fontes envolvidas na operação confirmam que não há dinheiro suficiente para pagar as parcelas estabelecidas no acordo atual. A informação é de que o valor de sobra da renda da arena não daria nem para quitar o valor reduzido da parcela da dívida. Em março, a situação está resolvida porque há dinheiro no caixa do fundo para pagar, o que foi acumulado durante o período sem mensalidades. Nos meses para frente, a situação ficará difícil.
Sem conseguir pagar, o Corinthians negocia por nova redução da parcela da dívida, ao mesmo tempo que não aumentaria o prazo do financiamento. Para isso, teria de aumentar consideravelmente as parcelas futuras a serem pagas. Ou seja, no futuro, o clube teria de pagar valores ainda maiores do que os R$ 5 milhões mensais.
A aposta seria de que, com essa fórmula, o clube conseguisse no futuro alavancar as receitas do estádio. Assim, ganharia dinheiro suficiente para pagar essas parcelas ainda maiores, isto é, teria de gerar uma receita líquida acima de R$ 60 milhões. Camarotes, por exemplo, passarão de 11 para 25 já negociados em 2018. Nenhuma das metas de arrecadação prevista para a Arena Corinthians até agora foi atingida. Pelo planejamento inicial, o clube geraria mais de R$ 200 milhões por ano em 2018.
A renegociação do Corinthians com a Caixa, no entanto, ocorre com o banco sob forte pressão por conta da ação judicial do Rio Grande do Sul. As partes vão recorrer e entendem que só terão de cumprir o pagamento integral se tiverem uma decisão desfavorável transitada em julgado. Enquanto isso, tentam acertar uma equação que está longe de fechar no momento. Partes envolvidas na operação garantem que o objetivo é pagar o financiamento sem inadimplência.
Questionado, Luis Paulo Rosenberg, responsável do Corinthians pelo assunto, não quis comentar os dados. A Odebrecht também não se pronuncia.
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